O racionamento no fornecimento de água anunciado pela Águas Guariroba acabou pegando muita gente de surpresa e deixou várias regiões sem um pingo d’água nesta semana. No comunicado emitido na quarta-feira (11), 43 bairros estariam sem água por determinados períodos do dia, prejudicando assim a rotina das pessoas e deixando ainda mais com o calor devido ao tempo seco.
Entretanto, nas últimas semanas, dezenas de denúncias chegaram ao conhecimento do Jornal Midiamax afirmando que o fornecimento de água estava interrupto bem antes do anunciado e que a justificativa dada pela empresa seria a manutenção dos sistemas de fornecimento.
A falta de distribuição afetou a região do Caiçara, onde mora Silvanna Canavilles, de 32 anos, casada e tem uma filha de 2 anos e seis meses. O bairro já acumula mais de dias sem água e a única alternativa é a água da torneira da frente da casa, que é a única que ainda sai água, já que em todas as outras torneiras, o racionamento teria afetado.
Ela conta que somente no período da tarde de quarta (11) é que a água deu indicativos que retornaria, mas não foi bem o que aconteceu. Isso estaria afetando a rotina de toda a família. “Mudou muito porque eu tenho uma bebê em casa e todo mundo tem que ir para frente de casa para tomar banho. Eu estou chegando atrasada todos os dias no trabalho”.
O mesmo acontece com Letícia Pessoa, de 29 anos que mora com a sua mãe. A rotina está toda desconfigurada e acabou prejudicada pelo racionamento. De acordo com a operadora de máquinas, “só está dando para cozinhar, tomar banho e não está dando para mais nada, nem para levar roupa”. Ela conta que desde a madrugada de terça estão sem água na rua e por uma única vez, conseguiram encher a caixa d’água.
Estoque de água
A economia da água está sendo tratada por todas as famílias e na de Silvanna não é diferente. A médica explicou que a sua família está agindo dentro da economia para não sofrerem ainda mais sem a água e isso acaba “causando um estresse” por ter sido pega de surpresa com a ação da concessionária.
Silvanna com a falta de água, o racionamento feito e o pouco armazenamento disponível na sua caixa d’água, resolveu aderir ao estoque de água e para isso, está utilizando a piscina de plástico da sua filha que é pequena e suporta 200 litros, mas que por enquanto, ajuda a resolver os problemas imediatos e diz que estoca por “medo de que falte água na torneira da frente”.
Já Letícia, que atualmente mora na região do Anahy, tentou de todas as formas fazer o estoque de água e para isso, utilizou baldes e sua máquina de lavar que armazena mais ou menos 15 quilos, mas também foram somente nestes objetos, já que ela não tinha onde mais colocar.

Aquecimento global ou ação humana?
A médica foi sucinta ao ser questionada se a mudança climática ou o aquecimento global estaria sendo um dos pontos principais para que o racionamento e a falta de água acontecer, e no ponto de vista dela, o principal motivo é a ação do ser humano.
“É possível sim, mas eu acho que a falta de educação social é mais importante. Porque sabemos que nosso Estado há uma reserva, a gente tem um cuidado e a empresa de água controla bem isso, limpa a água que sai da nossa casa. Mas eu fico indignada de a gente usar água limpa para usar na descarga, é um dos maiores absurdos que a gente pode fazer e falta educação social e nós estamos mudando o clima, falta educação geral”.
Na onda do ‘calorão’, Letícia não acredita que o aquecimento global seja um fator para o racionamento, mas atribui as pessoas que fazem o uso da água de forma “exagerada” e acabam gastando mais do que deviam e por isso acaba faltando água.
“A nossa concessionária é grande, então creio que eles deveriam ter um reservatório suficiente para todos, mas não sei como anda o reservatório e alegam que não tem o suficiente. Claro que o calor influencia a gente a gastar até mais, mas algumas pessoas tem o hábito de lavar calçadas todo dia, regar plantas, mas não sei se seria o caso de racionar”.