Para driblar pouco movimento e não fechar as portas, comerciantes do Centro recorrem a redes sociais

O comércio no coração de Campo Grande sofreu um duro golpe com o andamento das obras do Reviva Centro. A obra de revitalização de uma das principais ruas da cidade tem causado baixa procura de consumidores na 14 de Julho e, para não deixar que as portas de fechem, comerciantes até “apelam” para propagandas nas […]

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O comércio no coração de Campo Grande sofreu um duro golpe com o andamento das obras do Reviva Centro. A obra de revitalização de uma das principais ruas da cidade tem causado baixa procura de consumidores na 14 de Julho e, para não deixar que as portas de fechem, comerciantes até “apelam” para propagandas nas redes sociais para atrair clientes.

Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (20) pela CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) revela que 1,5 mil empresas fecharam no Centro em quase 1 ano por conta de obras do Reviva Centro.

A procura começou a ficar escassa e a opção de usar o Instagram para divulgar preços dos produtos e fazer promoções, surgiu ‘para dar up’ no movimento na loja de cosmético de Silvana Mariotti Dalle Grave.

Para driblar pouco movimento e não fechar as portas, comerciantes do Centro recorrem a redes sociais
Silvana Mariotti | Foto: Gabriel Torres/Jornal Midiamax

“O movimento caiu muito. A gente aqui nem usava o Instagram, mas passou a usar para mostrar os produtos e os preços aos clientes. Tem funcionado, mas claramente não é o mesmo movimento de antes”, comentou Silvana que é dona da Prisma Cosméticos há 26 anos.

A comerciante chamou atenção para o andamento das obras que, além de demorar, não estaria organizada. “O que se vê aqui é uma obra descoordenada, que parece que não rende. Eles ficam voltando em pontos que já tinham mexido e fica interditando a rua. Tem pontos que já interferiram 4 vezes”, disse a empresária.

Apesar dos transtornos, a empresária acredita que comerciantes serão compensados após a conclusão das obras. “Ficará mais atrativo o centro e o movimento deve voltar a melhorar”, disse.

Mesmo colocando o preço das roupas “lá em baixo”, a vendedora Andreza Estácio Recaldes, de 25 anos, disse que estratégia não tem atraído clientes. Mesmo com propaganda e atualizando redes sociais, o movimento está muito fraco na loja que fica entre a Afonso Pena e Barão do Rio Branco.

Para driblar pouco movimento e não fechar as portas, comerciantes do Centro recorrem a redes sociais
Andreza Estácio Recaldes | Foto: Gabriel Torres/Jornal Midiamax

“Já colocamos preço a R$ 25 e não adianta, não tem vendido. Fica esse lamaçal aí na frente e as pessoas não vem no centro. Vejo várias lojas grandes aí com nenhum cliente dentro. Nossos jeans aqui são ótimos, mas não tem vendido”, comentou Andreza, afirmando que vendas não passam de R$ 1 mil por dia.

Para Andreza, obra na Rua 14 de Julho não deveria ser a prioridade da gestão, mas sim solucionar problemas sociais no centro da cidade. Como auxiliar e retirar das ruas andarilhos que, segundo ela, somente dão problemas aos comerciantes. “Eles entram nas lojas pedindo dinheiro e quando a gente fala que não tem, eles jogam as coisas na loja. Deveriam tomar providências com isso ao invés de investir em obra na rua”, comentou.

Para driblar pouco movimento e não fechar as portas, comerciantes do Centro recorrem a redes sociais
Rubens Figueiredo | Foto: Gabriel Torres/Jornal Midiamax

Com uma banca na esquina da 14 com a Barão do Rio Branco, o comerciante Rubens Figueiredo, de 53 anos, diz que desde 2002 quando abriu sua banca, nunca viu tamanha queda nas vendas.

Ele não sabe precisar quantos clientes passam na banca para comprar capinhas de celular e tomar sorvete, mas diz que situação está crítica. “As vendas aqui caíram 90%. É o pior movimento em 17 anos”, afirmou.

Para driblar pouco movimento e não fechar as portas, comerciantes do Centro recorrem a redes sociais
Muitas lojas fecharam as portas devido ao pouco movimento de clientes | Foto: Gabriel Torres/Jornal Midiamax

Andando pela 14, não é difícil ver a quantidade de prédios que fecharam as portas. Como loja de variedades que, após 5 décadas funcionando na esquina da 14 com a Dom Aquino, não teve escolha ao não ser encerrar as atividades. A mãe de Graziella Fernandes, de 41 anos, precisou colocar ponto final no comércio depois de conviver com o vazio de clientes nos corredores da loja.

“Ela começou a ter problemas de saúde e já estava difícil para ela tocar o negócio aqui. Aí chegou essa obra aqui e os clientes sumiram. Aí não teve jeito, ela fechou e vendeu o ponto”, disse a reportagem.

Obras concluídas em 55%

Enquanto operários trabalham para cumprir o cronograma de encerramento das obras, comerciantes pedem que Reviva auxilie na propaganda do comércio. Em contato com a assessoria de imprensa do programa, foi informado que medida está prevista no plano.

Confira a nota:

A coordenação do programa Reviva Campo Grande sempre pensou em medidas para impulsionar o comércio durante a execução das obras, medidas estas previstas no Plano de Mitigação do Reviva.  Além de garantir o acesso às lojas, a Prefeitura efetuou uma campanha de rádio no ano passado, informando que as lojas estavam abertas. Também instalamos faixas ao longo do trecho, informando o funcionamento do comércio.
Na mídia, sempre reforçamos a questão do funcionamento do comércio, ressaltando em entrevistas e releases. Esta semana também estamos confeccionando novas faixas de aviso que serão instaladas no perímetro da obra“, disse Reviva.
Por fim, disse que, conforme a Engepar, empresa vencedora da licitação para as obras, cronograma já foi 55% concluído. Obra de revitalização na 14 de Julho está previsto para terminar nos primeiros meses de 2020.

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