Com até 50% dos ônibus parados, Consórcio culpa trânsito e ‘buraqueira’ por atraso e lentidão
O transporte coletivo urbano de Campo Grande é considerado péssimo e caro pelos passageiros. Uma das principais reclamações, a demora dos ônibus, segundo João Rezende, presidente do Consórcio Guaicurus, seria culpa das condições do trânsito e da ‘buraqueira’ nas ruas campo-grandenses. A informação dos empresários joga para a Prefeitura Municipal e para a Câmara de […]
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O transporte coletivo urbano de Campo Grande é considerado péssimo e caro pelos passageiros. Uma das principais reclamações, a demora dos ônibus, segundo João Rezende, presidente do Consórcio Guaicurus, seria culpa das condições do trânsito e da ‘buraqueira’ nas ruas campo-grandenses.
A informação dos empresários joga para a Prefeitura Municipal e para a Câmara de Vereadores de Campo Grande a responsabilidade.
No entanto, flagrante do Jornal Midiamax revelou que quase metade da frota chega a ficar fora de circulação, mesmo nos horários de maior movimento. E tudo, com conhecimento e autorização da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).
O órgão municipal responsável por organizar o cumprimento das cláusulas do contrato de concessão não só admitiu que até 50% dos ônibus teoricamente nas ruas de Campo Grande são mantidos fora de circulação com a desculpa de integrarem ‘frota reserva’, como ainda defendeu o Consórcio Guaicurus por deixar os veículos parados perto dos terminais para ‘ajudar o ambiente’.
Na verdade, segundo denúncia de servidores ligados à fiscalização do transporte coletivo, a manobra seria uma forma de tirar oficialmente os ônibus das garagens para tentar disfarçar o suposto descumprimento do contrato de concessão bilionário assinado em 2012, no fim da gestão de Nelson Trad Filho (PSD) como prefeito.
‘Na mão do Prefeito e da Câmara Municipal’
Em entrevista ao Jornal Midiamax, o presidente do Consórcio, João Rezende, afirma que a falta de qualidade não é culpa do Consórcio. Segundo ele, o transporte público não se limita a apenas ônibus novos, mas também depende de investimentos do poder público para ser mais ágil.
“A reclamação faz parte do ser humano, mas para melhorar a qualidade do transporte não basta trazer apenas ônibus novos, porque não adianta deixar a frota zero e colocar nas ruas amanhã, porque vai ficar no mesmo ambiente de congestionamento, o ônibus não vai cumprir horário porque é zero km, o que vai mudar é se o poder público tomar a iniciativa de infraestrutura do transporte. Então está na mão do prefeito e Câmara Municipal”, dispara o presidente do Consórcio.
Para João Rezende, o ideal para melhorar o transporte público é ‘acabar com a quantidade de buracos da cidade, implantar corredores de ônibus para deixar trajetos mais ágeis e a Agetran melhorar sinalização semafórica’.
O atual prefeito, Marquinhos Trad (PSD), ainda não se manifestou oficialmente sobre os motivos para a Agetran concordar com até metade da frota parada. Segundo os passageiros, com menos ônibus rodando, diminui a velocidade média e aumenta a lotação em todas as linhas.
A reportagem acionou a Prefeitura, Agetran e Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) e aguarda posicionamento.
Vereadores seguram a CPI dos Ônibus
Na Câmara Municipal de Campo Grande, o vereador Vinícius Siqueira (DEM) chegou a propor a CPI dos Ônibus, mas apenas cinco parlamentares assinaram, e mesmo eles admitem achar difícil que os vereadores decidam encarar o Consórcio Guaicurus.
O prefeito Marquinhos Trad chegou a afirmar que ‘ninguém tem medo da CPI dos Ônibus porque não tem nada a temer’.
No entanto, servidores ligados aos órgãos municipais responsáveis pela organização e fiscalização do transporte denunciam que haveria pressão para manter supostos favorecimentos aos empresários com omissão e até conivência sobre mudanças que descumpririam o contrato de concessão.
Coincidentemente, logo após propor a CPI dos Ônibus, o vereador ainda virou alvo de ‘protesto’ durante sessão com participação até de assessores nomeados no próprio legislativo municipal.
‘Só beneficia os empresários…’
Com a qualidade em queda, cada vez mais contribuintes campo-grandenses fogem como podem do transporte coletivo. Assim, segundo o servidor ouvido pela reportagem, forma-se um ciclo que só beneficia os empresários e prejudica a cidade.
“Quando menos clientes andam de ônibus, mais motos e carros circulam. Com isso, a ausência de presença forte da administração municipal na questão piora o trânsito, o ambiente, a qualidade de vida das pessoas, e ainda reforça o maior argumento dos empresários para cobrarem caro, que é ter poucos passageiros”, conta.
Elevadores quebrados: ‘culpa das ruas’
Apesar de 100% da frota de ônibus ser equipada com elevadores para os passageiros cadeirantes, muitos problemas acontecem e passageiros acabam ‘ficando na mão’. O presidente do Consórcio disse que os problemas envolvendo os elevadores são pontuais, mas que quando acontecem, são por conta das ruas da cidade.
“Estamos ciente do esforço do prefeito para recuperar as ruas da cidade, mas na gestão anterior foi um verdadeiro caos. Imagine que nesses 100 mil km que os ônibus rodam por dia, o elevador vai sacudindo e isso exigiu de nós uma atenção diferenciada. Tem casos de o elevador parar de funcionar e ao recolher, notarmos que uma pedrinha entrou em uma engrenagem e travou o elevador”, ameniza João Rezende.
GPS desligado
Sobre a denúncia de motoristas do transporte público, de que estariam sendo orientados a desligarem o GPS dos ônibus, manobra que seria, supostamente usada, para economizar diesel dos veículos. Com isso, transporte demoraria mais para passar e passageiros teriam maior tempo de espera.
A suposta orientação foi categoricamente negada por João Rezende, onde afirmou que desligamento de GPS dos ônibus se enquadra até em um crime. “Mesmo que essa ordem absurda seja dada, concorda que se ele fizer, ele estará cometendo um crime? Nunca fizemos isso e nunca vamos fazer. Ficar com o rabo preso com funcionário? não, isso é muito grande. Já dizia minha avó paterna: não existe mal feito bem feito”, afirmou.
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