Os cursos EAD (Ensino a Distância) tem se popularizado e ganhando cada vez mais adeptos com as rotinas cada vez mais agitadas. No entanto, o ‘boom' de cursos oferecidos têm sido alvo de criticas e de repúdios por parte de conselhos regionais, que cobram aulas totalmente presenciais para algumas graduações.

Sendo contrários a oferta de cursos na modalidade à distância para graduação na área das Engenharias, Agronomia e Geociências, o Crea-MS (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul) divulgou na última segunda-feira (18) uma nota de repúdio sobre o assunto.

Em nota, a CEAP (Comissão de Educação e Atribuição Profissional do Crea-MS) diz que as áreas têm aplicação do conhecimento científico, econômico, social e prático, com o intuito de criar, desenhar, construir, manter e melhorar estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas, materiais e processos, sendo necessário que esses ensinamentos sejam adquiridos em sala de aula.

“Embora o MEC não tenha o mesmo entendimento o Crea-MS enquanto órgão fiscalizador do exercício profissional, visando à segurança e à proteção da sociedade tem a obrigação de orientar e alertar a todos os cidadãos quanto aos riscos e prejuízos de frequentar a modalidade de graduação EaD para a formação em Engenharia, Agronomia e Geociências”, ressalta o Conselho. A nota na íntegra pode ser conferida clicando aqui.

Ainda de acordo com o documento, o Crea afirma que outros conselhos profissionais, como o de Fisioterapia (Crefito), de (CAU), de Medicina (CRM), de Direito (OAB), já se manifestaram contrários à autorização de cursos, em suas áreas formativas, ministrados totalmente na modalidade Educação a Distância (EaD).

EAD na Saúde

Em 2018, o Crefito (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), manifestou repúdio contra as faculdades que oferecem formação nesses segmentos de forma não presencial.

Na época, quatro faculdades oferecem cursos na área em plataforma digital aqui em e mensalidades variam entre R$ 239 a R$ 420. O conselho afirmou que as modalidades dos cursos à distância não conseguem atender às necessidades que os exercícios dessas profissões exigem.

“As áreas de Saúde demandam contato e cuidados diários e diretos com pessoas enfermas, o que obriga à formação teórico-prática, além de grande carga de estágios curriculares, impossíveis de serem, todos, cumpridos a distância e mediados tecnologicamente”, diz trecho de nota divulgada pela assessoria de imprensa da entidade.

Opções

A instituição de ensino tem um papel fundamental na formação dos profissionais, seja em modalidades presenciais, semi-presenciais, ou EAD. O MEC usa diferentes instrumentos para avaliar o ensino superior no país e um que chama atenção é o Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) que avalia os conhecimentos e competências dos acadêmicos relacionadas às diretrizes curriculares de determinado curso de graduação.

O Enade é componente curricular obrigatório conforme determina a Lei nº 10.861/2004. É aplicado periodicamente aos estudantes de todos os cursos de graduação, durante o primeiro (ingressantes) e último (concluintes) ano do curso.

Na opinião do acadêmico Renato Riveira Holsback, o curso ser presencial ou a distância não é o que define o potencial do aluno e a forma mais eficaz de resolver esse problema seria se todos os cursos tivessem uma prova para verificar o grau de conhecimento que o acadêmico obteve.

“Com aplicação de provas poderia ser avaliado se realmente o aluno é qualificado para atuar na profissão e após aprovação nesta prova receber de seu órgão regulador a autorização para assim exercer sua função”, diz.

O que dizem as universidades

À reportagem, a UCDB ( Católica Dom Bosco) informou, por meio de assessoria de imprensa, que analisa e propõem novos cursos que passam por avaliação do MEC (Ministério da Educação). Além disso, explicou que atualmente a universidade tem quatro cursos de bacharelado, quatro de licenciatura e 13 tecnológicos, sendo que nenhum dos cursos tem relação com os que receberam repúdio do Crea-MS por serem à distância.

No entanto, pontuou que tem participado de discussões sobre a inclusão de novos cursos na grade EAD havendo a mescla entre educação a distância e ensino presencial.

” A modalidade requer disciplina do acadêmico, que tem de fazer o seu próprio horário de estudo, e um grande suporte da instituição de ensino superior, que deve ter um material diferenciado para as aulas, professores e tutores que possam acompanhar os alunos, aulas ao vivo, tira-dúvidas, biblioteca virtual e toda infraestrutura necessária para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça. Toda discussão que envolve avanços na educação é salutar e fazem-se necessários os devidos aprofundamentos sobre o tema que, no Brasil, ainda está embrionário”, analisou o diretor da UCDB Virtual, Jeferson Pistori.

A assessoria de imprensa da , informa que a universidade oferta cursos em EAD e ainda esclarece que, independente do curso EAD, sempre haverá avaliações presenciais. Confira a nota:

“A Universidade Anhanguera Uniderp informa que possui cursos de graduação EAD em Engenharia, em diversos polos pelo Brasil, reconhecidos pelo MEC com nota 4, (sendo a escala de avaliação de 1 a 5) os seguintes cursos EAD: Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação. Esclarece ainda que toda a oferta de cursos EAD é feita em conformidade com as determinações estabelecidas pelo MEC, que prevê aulas práticas e laboratoriais, além das avaliações obrigatoriamente presenciais. A instituição reitera que está à disposição para sanar quaisquer dúvidas adicionais”.

*matéria atualizada às 09h23 de 30/11/2019 para acréscimo de informação