As chuvas que têm atingido Campo Grande têm causado alagamentos e enxurradas nos bairros mais afastados do grande centro da cidade, mas também nas regiões centrais. Alguns pontos são tão comuns acumularem água, que a população até evitar transitar durante os temporais. Com esses episódios reincidentes, as autoridades afirmam que mantém ações de prevenção, mas que as vezes não é suficiente, pois grande volume de chuva acaba caindo em pouco tempo na Capital.
Um dos maiores problemas durante a chuva é o excesso de lixo nas ruas e entupimento dos bueiro na cidade, pois sem ter para onde escoar, as águas da chuva transbordam.

Morando há cinco anos no Parati, Mariana Martinez, de 55 anos, contou que sempre que chove forte, trecho da Rua da Divisão acaba virando “uma lagoa” e a quantidade de lixo que jogam na região acaba contribuindo para a submersão da rua.
“Se você olhar, tem lixo nos terrenos ao arredor e quando chove, esse lixo vai para a rua e acaba tampando para onde a água deveria escoar”, disse a reportagem.
Andando pela região do bairro, é fácil encontrar lixo nos terrenos baldios. Garrafas, plásticos e latinhas são descartados de modo irregular.
Também moradora da região, Roseli Alves, de 46 anos, disse que a estrutura da rua não ajuda no escoamento e que, em casa, ela faz o seu dever. “Eu separo todo o meu lixo, limpo em frente de casa, tudo para não deixar que aconteça isso [alagamento], porque pode tampar os bueiros e é pior. A rua já é desnivelada parece, aí se tampar os bueiros é capaz da água entrar dentro das casas”, afirmou Rose.
Lixo é um problema
Segundo a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), antes do período de chuva, equipes fazem ações para retirar o lixo da rua e evitar esses episódios.
Além dos descartes irregulares nas ruas, as equipes retiram galhos, troncos de arvores que possam obstruir a vazão dos córregos. Em Campo Grande, segundo a Sisep, existem mais de 35 mil bocas de lobo que acabam ficando entupidas pelo lixo e pela terra que a enxurrada empurra dos terrenos.
“Os problemas de alagamento são pontuais e decorrem de questões estruturais, como sistemas de drenagem há muito tempo, quando o nível de adensamento era menor, índices pluviométricos acima da média histórica registrados num curto período de tempo. A Prefeitura tem feito adequações pontuais para melhorar a capacidade de captação e escoamento da drenagem e busca recursos para implantar bacias de contenção previstas no plano municipal de drenagem”, disse Sisep.
Ações da Defesa Civil
A Defesa Civil tem a função de gerenciar ações emergenciais e desastres, mas que também atua na prevenção de incidentes naturais. O coordenador do órgão em Campo Grande, Coronel Armindo de Oliveira Franco, disse ao Jornal Midiamax que a Defesa Civil atua em três situações distintas: prevenção, mitigação e preparação em caso de riscos hidrológicos.
“Essas ações acontecem em fase de normalidade, quando o tempo está em condições boas. Nas ações de prevenções, se detectamos problemas reincidentes e vemos que dá para resolver, se faz obras estruturais, como drenagem ou bacias de contenção”, contou o Armindo a reportagem.
Na fase de prevenção, a Defesa Civil ainda realiza etapas de mitigação, que é quando se faz ações para minimizar os prejuízos causados pela chuva. “Se é uma área que sabemos que dá problema e a comunidade que está ali está disposta a permanecer naquele lugar, nós realizamos um acompanhamento. Aí vem a fase de preparação, que é a resposta. Fazemos um plano de contingência, um monitoramento, alerta e alarme”, explicou o coronel.
Anteriormente, a Defesa Civil tinha um programa que aferia e previa a quantidade de águas que poderia cair nos bairros de Campo Grande através de equipamentos chamados pluviômetros. No entanto, a licitação com a empresa responsável venceu em 2018 e a Prefeitura Municipal ainda busca renovar. Os equipamentos estavam instalados em 52 pontos da cidade e emitia alerta na central da Defesa Civil para situações de emergência.