Sindicato dos bancários é denunciado no MPT por crime de peculato

Gastos teriam sido quitados com dinheiro do sindicato após eleição

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Depois de reunir documentos envolvendo suposta apropriação de dinheiro público durante eleições de 2015 por parte da chapa vencedora, o Conselho Fiscal do Sindicato Bancário de Campo Grande entregou ao MPT-MS (Ministério Público do Trabalho) denúncia para apurar suposto crime de peculato envolvendo despesas de campanha da atual diretoria.

Conforme Marcelo Francisco Assis, membro do conselho financeiro do sindicato, a atual diretoria teria gasto R$ 14,5 mil somente em impressões de outdoors durante a campanha da “Chapa 2: Bancários em Ação”. Cheques teriam sido repassados e depois quitados com o dinheiro da entidade.

“Em julho [de 2015] essa diretoria tomou posse e sem que todos soubessem, o presidente e a secretária geral, pagaram as despesas de campanha [com o dinheiro do sindicato]”, disse ao Jornal Midiamax. Conforme o conselheiro, outdoors foram espalhados pela cidade, carros foram alugados e materiais gráficos foram comprados, e posteriormente essas despesas foram quitadas com verba da associação.

Em abril de 2016 houve um balanço patrimonial do ano anterior, para fiscalizar as receitas e despesas. Ao ser constatado os gastos, uma assembleia geral foi realizada para que o balanço fosse discutido. “A diretoria estava ciente, mas mesmo assim não fez nada”, afirmou conselheiro à reportagem. No mesmo período, Cícero Roberto Santos, ex-tesoureiro da entidade teria tido um atrito com o atual presidente, Edvaldo Franco Barros, o então tesoureiro renunciou ao cargo.Sindicato dos bancários é denunciado no MPT por crime de peculato

“Depois que ele fez a renúncia, alguns colegas do sindicato pediram para que ele reconsiderasse, pois já que ele tinha alguma divergência, que passasse gente apurar. Infelizmente ele fez essa denúncia fora do prazo e a diretoria não acatou. O presidente não aceitou a reconsideração dele e eles foram parar na justiça”, disse Marcelo ao Midiamax.

Na Justiça, o presidente, segundo Marcelo, teria acusado o ex-tesoureiro de crime de peculato, alegando que Cícero estaria tentando pagar as despesas de campanha, no entanto, o ex-membro alegou que as despesas já haviam sido quitas com dinheiro do sindicato. “Eu, membro do conselho fiscal, fiquei sabendo disso depois. Os outdoors foram feitos na campanha eleitoral da chapa e posteriormente pagaram como se fosse campanha salarial”, relatou o conselheiro.

Em nota foi identificado a compra de um outdoor no valor elevado ao que seria de fato. “O protocolo da denúncia está em avaliação prévia, a procuradora pediu para apurar. Houve o pagamento das despesas da chapa com o dinheiro do sindicato. Muito parecido com o que se faz na política aí fora. Depois que entram pagam a campanha com o dinheiro público”, finalizou.

Posicionamento

Em contato com a assessoria de imprensa do sindicato dos bancários de Campo Grande, foi informado que o setor jurídico da entidade já está ciente da denúncia.

“O Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região tem ciência que houve uma denúncia no Ministério Público do Trabalho por parte de um de seus conselheiros fiscais. O jurídico da entidade pediu vista e acompanha a análise dos documentos. Entretanto, o Sindicato não foi notificado pelo MPT para prestar qualquer esclarecimento até o momento”, diz nota de posicionamento.

O ex-tesoureiro Cícero Roberto Santos, entrou em contato com a reportagem e afirmou que desconhecia qualquer tipo de desvios de verbas do sindicato. “Foram na verdade 21,8 mil [compra de outdoors]. Na época da campanha foi dito que os outdoors seriam de graça porque a empresa [que confeccionou] é do irmão da atual tesoureira. Fiquei sabendo depois que seria dívida de campanha”, afirmou.

“Infelizmente aconteceu o fato. Os outdoors, repito, sempre foram ditos como brinde do irmão da tesoureira”, reafirmando que não sabia do esquema. Ainda segundo Cícero, outro tesoureiro teria assumido o cargo depois de sua renúncia, mas logo saiu, pois não concordava com o que estava acontecendo.

*Matéria atualizada em 15/03/2018 para acréscimo de informação.

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