Pular para o conteúdo
Cotidiano

Prefeitura quer regras para comércio informal de alimentos

Na Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho, uns dos principais corredores de veículos de Campo Grande, dezenas de veículos, entre carros de passeio e caminhões, estacionam diariamente ao longo da via. Com portas abertas, eles transformam a avenida numa espécie de praça de alimentação e vendem de frutas a doces e bolos, além de chipas a […]
Arquivo -

Na Avenida Prefeito Lúdio Martins Coelho, uns dos principais corredores de veículos de , dezenas de veículos, entre carros de passeio e caminhões, estacionam diariamente ao longo da via. Com portas abertas, eles transformam a avenida numa espécie de praça de alimentação e vendem de frutas a doces e bolos, além de chipas a R$ 1. A clientela é certa, e estaciona junto aos veículos – às vezes em fila dupla – para comprar os artigos.

O fenômeno que ocorre na avenida é um forte sintoma da crise que o país atravessa, e observado na Capital desde 2013, pelo menos. Com baixas frequentes em empregos formais, campo-grandenses apostam na veia empreendedora para obter sustento.

A solução parece ter dado resultado, já que diversas localidades da Capital estão repletas de novos pontos de venda de alimentos. Afinal, mesmo com a crise, todo mundo precisa se alimentar.

A partir dos novos negócios, famílias conquistam renda e muitas delas geram até empregos. Mas todos esbarram diante do mesmo dilema: a insegurança da informalidade.

Sem a regulamentação da legislação vigente, que estabeleça os limites que comerciantes devem respeitar, eles ficam à mercê do entendimento do poder público sobre questões práticas, por exemplo, que tipo de alvará é necessário para promover legalidade ao negócio.

Mesmo com lei aprovada, ainda restam lacunas importantes para garantir o funcionamento pleno dos negócios. O assunto tornou-se, a propósito, grande preocupação da administração municipal, que não sabe precisar quantos vendedores informais de alimentos há espalhados pela cidade.

Na última quarta-feira (22), uma promovida pelo vereador Enfermeiro Fritz (PSD) trouxe o assunto para o debate. Na ocasião, a Prefeitura se manifestou pela necessidade do decreto de regulamentação.

Para o vereador, iniciar um processo para a formalização desses empreendedores é fundamental, “pois gerará segurança não só para os empreendedores, mas também para a sociedade e para o município”, destaca Fritz.

Ele cita a Lei Complementar nº 320/18, que dispõe sobre o comércio de alimentos em vias e áreas públicas de Campo Grande e acrescenta novas categorias de comercialização de alimentos que deverão seguir a legislação.

Prefeitura quer regras para comércio informal de alimentos
Vereador quer participação popular na elaboração de decreto que regulamentará lei (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

A proposta de Fritz para o imbróglio impõe que todas as formas de venda itinerante de alimentos sejam condicionadas à autorização da Prefeitura – tais quais os negócios formais – que será responsável por emitir alvarás e por estabelecer os locais de funcionamento, conforme o que já é vigente nas legislações sanitárias.

“Desta audiência, sairemos com cinco grupos de trabalho a fim de contribuir com a questão. Também deveremos formar uma frente de vereadores a fim de garantir participação popular no processo”, destaca. “Isso porque há algumas preocupações, como garantir que a obtenção dos avarás tenha celeridade”, aponta.

O lado do empreendedor

Responsável por um ponto de venda de água de coco no Parque das Nações Indígenas, Kelly Foresti esteve na audiência. Ela atua no ramo alimentício há 8 anos, com jornada de 10 horas diárias de trabalho e geração de 4 empregos diretos. É do ponto que sai a maior parte da renda da família.

 

Prefeitura quer regras para comércio informal de alimentos
Kelly afirma que falta de regulamentação promove insegurança a empreendedores (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

“Só que é muito complicado querer fazer investimento ou apostar nesse negócio quando basicamente a gente não tem segurança nenhuma sobre se estamos dentro da lei. É mais que desconfortável, a sensação que temos é que somos clandestinos.

Semestralmente vou à Central de Atendimento ao Cidadão, para saber se houve alguma novidade em relação aos informais e esbarro com vários funcionários que não sabem passar essa informação. E se a Prefeitura entender que estamos ilegais?”, questiona a comerciante.

Outra proprietária de um food truck relata que a falta de clareza em relação a autorização de rodar pela cidade descaracterizou seu negócio. “Os trucks foram se unindo para funcionar num estacionamento. Até hoje isso ta acontecendo, mas a gente faz o investimento para ter um negócio itinerante, e não parado. A regulamentação ia trazer essa segurança pra gente, pois nosso medo é sair algum dia e tomar uma multa”, descreve Maria Ribeiro.

Estudo em andamento

Preencher as lacunas da legislação e criar um decreto que seja abrangente aos comerciantes informais de alimentos é uma preocupação da administração, conforme revelou a arquiteta e urbanista Jonir Figueiredo, assessora de gabinete na Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana).

Em uma palestra, a servidora apresentou o resumo de dois anos de pesquisa, que deverá ajudar a nortear os próximos passos do Executivo.

Prefeitura quer regras para comércio informal de alimentos
A arquiteta e urbanista Jonir Figueiredo desenvove estudo há dois anos sobre impacto do comércio informal de alimentos nas ruas da cidade (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

“O que nós observamos é que o comércio informal de alimentos precisa de envolvimento de mais pastas, e não só da Semadur, porque envolve muitas frentes, do trânsito à segurança pública”, explica. “Pensar numa maneira que proporcione mais transparência, segurança e possibilidade de fiscalização é um desafio para o município. Precisamos entender como funcionam esses negócios. Enquanto técnica, porém, posso dizer que nos preocupamos com a questão de uma forma positiva, pois esse novo comércio faz a máquina financeira girar. Porém, a normatização é fundamental”, destaca.

O estudo preliminar apresentado por Figueiredo, por exemplo, revela ao menos quatro eixos de atividade sazonal de venda de alimentos em pontos de grande movimentação, sobretudo aos fins de semana e horários de pico. São eles: Parque das Nações Indígenas, Mirante da Avenida Duque de Caxias, Lago do Amor e a Avenida Lúdio Martins Coelho. “Precisamos mapear o funcionamento desses negócios em toda a cidade, observar as particularidades, a fim de encontrar uma solução benéfica para todos”, conclui.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Motociclista morre após colisão com caminhonete em avenida de Dourados

Academia da UFMS abre 500 vagas para musculação e 48 para pilates 

Associação Juliano Varela receberá renda de arremate de égua Princess Ren Lena

Homem que engravidou criança de 11 anos é preso em Mato Grosso do Sul

Notícias mais lidas agora

Ex-marido que matou Cinira durante emboscada morre na Santa Casa de Campo Grande

Consórcio Guaicurus culpa passageira por acidente e contesta indenização: ‘De pé e sem cautela’

Após ‘zerar’ nota de transparência, MPMS anuncia programa para combater desvios

Troca de cartões do transporte público termina amanhã em Três Lagoas (PMTL, Divulgação)

Cartão do transporte coletivo de Três Lagos poderá ser trocado até este sábado

Últimas Notícias

Economia

Exportações de pneus aos EUA terão taxas de 25% e 50%, diz associação do setor

A indústria de pneus é mais uma que reclama de ter sido atingida pela elevação a 50%

Polícia

Homem é preso após perseguições e ameaças contra ex

Vítima procurou a delegacia para relatar os abusos

Economia

Dólar fecha em queda de 0,99%, a R$ 5,5456, em dia de payroll abaixo do esperado nos EUA

O dólar oscilou de R$ 5,6284 na máxima pela manhã

Emprego e Concurso

Candidatos reclamam e MEC prorroga prazo para pagamento da Prova Nacional Docente

Reclamação era de que boleto, que inicialmente vencia no dia 31 de julho, não era atualizado no sistema da PND. Agora, pagamento pode ser feito até dia 4, mesmo com boleto com data de vencimento em 31/07/2025