As obras de revitalização da Rua 14 de Julho, conhecidas como Reviva Centro, passarão por reprogramação para que uma das etapas seja executada à noite, conforme afirmou ao Jornal Midiamax a diretora-executiva de Projetos Estratégicos da Prefeitura, Catiana Sabadin.

Segundo ela, a etapa que deverá ser executada à noite contempla a reconstrução das calçadas, já no formato apontado no projeto de revitalização. A reprogramação, no entanto, depende de atualização das planilhas e dos quantitativos, já que haverá custo adicional.

“Ainda não temos o valor final. A análise da planilha está com o fiscal da obra, para poder quantificar esse custo, uma vez que trabalho noturno tem um adicional. Mas, vale lembrar que isso já foi aprovado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), inclusive já era uma indicação do banco. Na época não colocamos na planilha já que não sabíamos que serviços poderiam entrar nessa modalidade”, explica a diretora.

Segundo Sabadin, o terceiro turno de obras também atende pedido dos comerciantes afetados pelas obras, que atualmente estão focadas na instalação de infraestrutura, como elétrica, hidráulica, esgoto e drenagem.

Para agilizar cronograma, Reviva Centro deverá ter etapa de obras noturnas
Movimentação de clientes em frente Às lojas diminuiu bastante durante as obras (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

“A execução das calçadas à noite costuma atrapalhar mais que as obras de infraestrutura, pois elas precisam ser quebradas e reconstruídas, o que dificulta o acesso. À noite, o impacto é menor, proporcionará mais agilidade, e, principalmente, não vai interferir na abertura dos comércios. Esta é uma cobrança que a gente tem do próprio BID, que é manter os comércios abertos”, destaca.

De acordo com a Prefeitura, as obras de calçadas começarão ainda no período diurno, nos locais que já receberam infraestrutura, na quadra situada na Avenida Fernando Correia da Costa. “Mas esperamos que nas próximas quadras as obras já sejam executadas no período noturno”, conclui.

Obras afetam vendas

Para agilizar cronograma, Reviva Centro deverá ter etapa de obras noturnas
Para Suelen, clientes rarearam no Centro (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

A ideia de iniciar um terceiro turno nas obras de revitalização da Rua 14 de Julho agrada comerciantes da região. Para eles, a estratégia trará mais agilidade e evitará que a perda de clientes seja maior. Esta, a propósito, é a principal reclamação dos lojistas: é que apesar de terem o acesso aos estabelecimentos garantido nesta fase da obra, ainda há insatisfação com a perda dos clientes eventuais.

“Uma diminuição de cerca de 50% nos lucros, porque as pessoas evitam passar por aqui. Só vem mesmo quem realmente precisa de algo que só a gente tem, porque se puder comprar em outro lugar, eles compram”, afirma a gerente comercial Suelen Araújo, 29, da Hamurabi Livros Usados. “Também está perigoso. Há mais pedintes e usuários de drogas no Centro. E semana passada uma senhora se acidentou ao tentar atravessar a rua”, comenta.

Para agilizar cronograma, Reviva Centro deverá ter etapa de obras noturnas
José Rangel acredita que terceiro turno dará agilidade Às obras (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

O proprietário da Maciel Livros, Samuel Duarte Maciel Resende, 22, destaca que o impacto na movimentação era esperado. “Mas a gente não contava com tanto impacto. Achamos que demora mais que o normal, principalmente quando chega nos cruzamentos. Se a reforma proporcionasse acessos, nas ruas laterais, se fosse mais rápido, acredito que o impacto não seria tão grande”, destaca. Segundo ele, a movimentação no estabelecimento caiu cerca de 40%.

Há poucos metros dali, o barbeiro José Rangel, de 51 anos, também afirma que houve queda no número de clientes.

Para agilizar cronograma, Reviva Centro deverá ter etapa de obras noturnas
Cliente há 15 anos de barbearia, Rodrigo já não vai com frequência ao local (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

“Estou neste ponto há 23 anos, então já tenho uma clientela mais fiel. O problema é que metade dos clientes são eventuais, aquele que está passando. Esses clientes a gente perdeu, não tem jeito. Até quem corta comigo há dez anos evita vir, porque o Centro está ruim de andar”, comenta . Em frente a seu estabelecimento, as obras são tocadas já há cerca de três meses.

É o caso do corretor de imóveis Rodrigo Freitas, de 37 anos, que frequenta há mais de 15 anos a barbearia na Rua 14 de Julho. “Tem que pensar duas vezes, porque além de ser ruim para estacionar, o trânsito fica mais caótico. Eu vinha duas vezes por mês, agora estou vindo uma só”, conclui.