As questões vão desde o lucro até a segurança dos motoristas

Os motoristas que trabalham com aplicativos de transporte de passageiros na Capital se reuniram na tarde desta quarta-feira (3), na avenida Afonso Pena, para uma manifestação para pedir melhores condições de trabalho. De acordo a Applic-MS (Associação dos Parceiros de Aplicativos e de Motoristas de Transporte de Passageiros e Motoristas Autônomos do Estado), os problemas vão desde reajuste até a segurança dos motoristas.

De acordo com o presidente da associação, Paulo Pinheiro, os colaboradores estão descontentes com as condições de trabalho oferecido pelos aplicativos de transporte de passageiros, ilustrando a situação com a defasagem dos preços das tarifas pagas aos motoristas, citando como exemplo a Uber, que começou a atuar na Capital em setembro de 2016.

“Nós temos desde setembro [de 2016] esses valores, não teve alteração nenhuma, que são: R$ 2,50 a partida; R$ 1,10 o quilômetro rodado; e R$ 0,15 a minutagem”, explicou. Na visão do presidente, a inflação do país, os constantes reajustes do preço dos combustíveis assim como a manutenção dos carros e até o valor de locação de alguns, acabam diminuindo a margem de lucro dos motoristas, além do que é pago para as empresas.

Pinheiro explica que o valor mínimo “ideal” seria R$ 3,00 a partida, com valores de R$ 1,25 o quilômetro rodado e de R$ 0,25 pelos minutos. “O pessoal [motoristas] não estão tendo lucro nenhum, em contrapartida, os aplicativos estão lucrando milhões e milhões”, conta.

Outro ponto criticado é também sobre a segurança dos motoristas, que, segundo a associação, estão expostos a violência. “Queremos que nossos motoristas sejam assegurados por esses aplicativos”, disse.

Entre as reclamações, segundo o presidente da Applic, há sobre a avaliação feita em cima dos motoristas, que quando atingem a marca de 4,7 de 5, que é nota máxima, acabam sendo excluídos da plataforma.

Na visão dele, os trabalhadores também deveriam ter o direito de avaliar também os usuários porque alguns dão prejuízo para os condutores. “Tem muitos passageiros que pensam que o carro é deles e tratam mal os motoristas, entram bêbados dentro dos carros e começam a fazer farra”, conta.

Na reunião com cerca de 20 motoristas nos altos da Afonso Pena, Pinheiro explicou que não apenas os motoristas de Uber reclamavam destas situações, mas também haviam trabalhadores do 99 POP e do K-rona que concordavam com as reivindicações. “Eles [motoristas do K-rona] estão parcialmente paralisados também porque eles também pedem essa pauta nossa, assim como o 99 POP”, disse.Gasolina cara e asfalto ruim fazem motoristas de aplicativos pedirem reajustes

Nesta tarde, uma parcela de motoristas destes aplicativos ficaram off-line para fazer essa reunião e tentar reivindicar melhorias para as empresas. Na estimativa do presidente, cerca de 30% dos 330 motoristas associados estavam parados, desde o meio-dia.

Para o motorista de Uber e 99 POP, Thiago Marques Silva Pereira, uma das maiores complicações de transitar na Capital é a situação das ruas. Ele acabou tendo prejuízo após cair em um buraco no Centro. “Tive que trocar o pneu. Meu lucro todo foi para o pneu, tive que trabalhar até às 6 da manhã para tirar o da gasolina que eu tinha gastado com o pneu”, conta.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Uber informou, sobre a segurança, que tem medidas para garantir a segurança de passageiros e motoristas, citando que “nenhuma viagem na Uber é anônima e todas são monitoradas por meio de GPS”. Conforme a empresa, é por esse monitoramento que se faz possível o suporte em casos de imprevistos, tendo a identificação dos envolvidos e o trajeto percorrido, “sempre respeitando a legislação aplicável (em especial o Marco Civil da Internet)”.

A Uber ainda informou sobre as medidas mais recentes de segurança como a verificação de identidade do passageiro, um número de telefone à disposição do motorista para relatar emergências e um seguro para acidentes pessoais em todas as corridas feitas pelo aplicativo.

Não houve retorno da 99 POP e do K-rona até o momento.

[Matéria atualizadas às 14:11 de 4 de janeiro para acréscimo de informação]