O caso do menino que se feriu ao levar uma pistola para a escola nesta semana levanta a discussão sobre a legalização do armamento. Para especialista em segurança, os pais que possuem armas em casa devem discutir com os filhos sobre o assunto e armazenar em um local fora do alcance – não só de crianças.
O Jornal Midiamax ouviu o delegado Márcio Shiro Obara é titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio e instrutor de armamento e tiro da Acadepol (Academia de Polícia Civil). Para o delegado, as armas sempre devem ser guardadas em um local fora do alcance, não só de crianças, como de qualquer pessoa que não esteja autorizada a usar. “Quem tem arma tem responsabilidade, então deixar fora do alcance tanto de crianças como de outras pessoas. Por exemplo, se eu tenho pessoas na família com histórico de depressão, devo manter longe”.
Segundo Shiro Obara, é difícil definir o local adequado já que, muitas vezes, quem tem arma, a tem pensando na segurança da família. Logo, também há o viés da facilidade de acesso do operador do armamento caso necessário. “Não posso elencar se deve ser [guardado] em guarda-roupa, gaveta, mas seriam locais mais altos, de maior dificuldade de acesso, principalmente para menores”, explica.
Apesar de ser um objeto potencialmente perigoso, as armas costumam despertar a atenção e a curiosidade por parte de crianças e jovens. Neste caso, é importante que os pais mantenham o diálogo sobre o porquê que as armas não devem ser manuseadas por pessoas não autorizados e sobre o risco.
Conforme explica o delegado, manter o diálogo aberto é importante, mas os adultos jamais devem manusear a pistola em frente da criança. “Eu não tenho que manusear na frente da criança, ainda que seja para mostrar. Observando, ela a aprende e, num ato de curiosidade, pode gerar uma ocorrência mais grave”, diz.
Apesar de ter sido um caso isolado, o acidente na escola é móvito de preocupação. No caso, os pais do garoto trabalhavam na Polícia, mas as armas também estão nas casas de quem não trabalha na área de segurança pública. “Infelizmente, é possível que fatos como este ocorram, ainda bem que não tivemos um evento mais agravoso. O que me preocupa não é nem pais que trabalham em força da segurança pública ou militar, mas são as armas regularmente registradas. Não é só policial que pode ter uma arma de fogo, mas os particulares também”, afirma.
