Desde a saída dos médicos cubanos no Programa , duas cidades de Mato Grosso do Sul ficaram sem esses profissionais na atenção básica da saúde pública e as aldeias indígenas também acabaram sendo prejudicadas. Os municípios de Alcinópolis e Figueirão tiveram de buscar alternativas para tentar solucionar a falta de profissionais.

A aldeia indígena de Paranhos, a 461 km de Campo Grande perdeu dois médicos cubanos nos atendimentos os índios e, agora, apenas um médico brasileiro precisa “dar conta” de atender a população de 5.132 índios na região.

Cubano desligado do programa e muito preocupado com a situação da saúde indígena, Júlio César disse ao Jornal Midiamax que vai permanecer no país pois se casou com uma brasileira há 3 anos. No entanto, ainda não sabe como será a vida por aqui daqui para frente.

“Eu vou para Cuba e depois vou tirar minha permanência aqui. Como eu fui desligado do programa e eu ainda não sei como vai ser. A saúde indígena aqui está instável porque aqui em Paranhos tinha três vagas para os médicos, agora com o desligamento está só um médico brasileiro atendendo”, afirmou.

A secretária de saúde de Paranhos, Flávia Medeiros Vilar, disse que a saúde indígena é de competência do estado e da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), mas que o município segue dando suporte para casos de urgência e emergência na aldeia.

A coordenadora da Sesai em Campo Grande, Eliete Domingues, disse a reportagem que quatro médicos do Programa Mais Médicos já foram encaminhados para o Estado e já foram distribuídos para as aldeias. Sem dar maiores detalhes, a coordenadora disse que apesar de estar com apenas um médico na aldeia de Paranhos, não sobrecarregou os atendimentos. A população indígena em MS é de 83 mil índios.

‘Improvisando'

Para dar continuidade nos atendimentos, a Secretaria Municipal de Saúde de segue encaminhando pacientes da unidade básica para o Hospital Municipal. Segundo o secretário André Targin, um novo médico do programa já havia sido selecionado, no entanto, quando foi chamado para ir trabalhar na cidade pelo Mais Médicos, abdicou da sua vaga.

A desistência do profissional em ir atender os pacientes da cidade acabou sobrecarregando o hospital da cidade e a prefeitura já estuda novas medidas caso um novo médico não seja selecionado até o próximo da 14 de dezembro.

“Caso não venha outro médico, pensamos em deslocar um médico do hospital para atender na unidade básica, aí vamos ter que pagar hora extra e etc”, disse André a reportagem.

A reportagem procurou o prefeito Dalmy Crisóstomo da Silva e a secretária de saúde de Alcinópolis, Célia Regina Furtado, mas ligações não foram atendidas.

Em contato com a assessoria de imprensa da SES (Secretaria Estadual de Saúde), para apurar mais informações, mas foi informada que “questões dos Mais Médicos são de competência Federal e não Estado, quanto a saúde básica de Alcinópolis, também tem que ver no próprio município. As demandas indígenas, a secretaria especial do índio, também da União”.