Um espetáculo celestial diário, que ocorre a cada pôr do sol, tingindo o firmamento com vários nuances que partem do amarelo, chegando ao vermelho incandescente. É assim que visitantes de costumam descrever o céu da Cidade Morena na primeira vez que se deparam com ele.

Há algumas razões que fazem a atmosfera da Capital ser como é. Mas, o principal deles está relacionado ao clima no período de estiagem, quando a poeira vermelha da cidade atinge a atmosfera e por lá permanece suspensa, devido ao sistema de alta pressão que costuma incidir sobre a região, dificultando que a poeira desça para a terra com velocidade.

“Não é que a cor do céu varie de região para região, mas esses tons dependem de condições que em meteorologia chamamos de transparência da atmosfera. Tanto é que quando há uma chuva de 20 ou 30 milímetros, o dia seguinte terá céu bem azul, porque os componentes da atmosfera precipitaram”, conta Natálio Abrãao, meteorologista e professor da Uniderp.

“Como estamos na estiagem, já há vários dias sem chuva, com baixa umidade do ar e com um sistema de alta pressão, temos essa nova coloração do céu”, complementa.

Céu da cor da terra

Natálio dá um exemplo bem prático de como funciona. Imagine só um caminhão passando por uma estrada de terra vermelha como a de Campo Grande. Ele vai fazer subir uma nuvem de poeira.

Céu 'colorido' de Campo Grande encanta, mas esconde surpresa
Durante estiagem, o vermelho se intensifica e até o sol muda de cor (Foto: Henrique Kawaminami/Midiamax)

“Só que no caso da massa de ar, ela vai demorar a cair no chão, vai ficar em suspensão por muito mais tempo. E vai se somando com outras massas por dias, causando esse processo de difusão da luz solar”, descreve.

É onde mora a mágica do céu campo-grandense. Quando a luz do sol incide sobre a partícula de poeira vermelha, ele vai refletir essa cor.

“O avermelhamento é causado pela estiagem da região. Quando o clima estiver mais seco ainda, vamos ver que esse vermelho do céu vai ficar mais intenso à tarde e mais amarelado pela manhã, já que à noite as partículas de poeira vão precipitar um pouco”, conta Natálio.

E como nem tudo que reluz é ouro, o meteorologista ainda destaca que há outras partículas, além da poeira, no céu da cidade. “Poluição em geral. Desde fumaça de carro, poeira de terra aos resíduos de queimadas, que ficam mais intensas na estiagem. São as névoas secas espessas”, conclui.