O diretor-presidente do Detran (Departamento Estadual de Trânsito de MS), Roberto Hashioka Soler, determinou suspensão cautelar, por um prazo de 45 dias, das atividades da empresa Focar , flagrada aprovando a vistoria em carro com motor fundido em uma vistoria. A decisão foi publicada por meio de portaria no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira (27) e decorre das denúncias de fraude da empresa reveladas pelo Jornal Midiamax no último dia 15.

O presidente admite, ainda, que é possível que o Detran passe por um processo de reavaliação das vistorias terceirizadas. “A decisão de terceirizar parte das vistorias do Detran-MS foi amparada por uma decisão do Denatran, que permitiu esse credenciamento. Sabemos que a empresa é reincidente e muito embora atualmente o Detran não tenha condições de abarcar todas as vistorias, é um processo que pode passar, sim, por reavaliação”, destaca Hashioka.

Hashioka conta que o órgão agiu logo que as denúncias foram feitas. “A partir do momento que houve a denúncia, já na segunda-feira, seguinte pedi que a Corregedoria iniciasse procedimento investigatório. Em seguida, será aberto um processo administrativo”, explica o diretor-presidente.

Hashioka também destaca que a reincidência da empresa na mesma situação de fraude será considerada durante o processo de investigação.

Entenda o caso

A reportagem do Jornal Midiamax flagrou nova fraude de vistoria veicular praticada pela empresa Focar, conforme reportagem especial publicada no último dia 15. A fraude consistiu em aprovar em suposta vistoria um Peugeot 206 com motor fundido e sem bateria, e também sem ter nenhum dos equipamentos elétricos, como luzes de sinalização, conforme exige a legislação.

A fraude ocorreu menos de um mês após o Conselho Superior do MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) arquivar um inquérito que garante ter investigado irregularidades na inspeção veicular do Detran-MS.

A reportagem buscou contato com o proprietário da empresa, Antônio Gregório, que inicialmente tentou negar a fraude, mas, diante das provas, acabou admitindo que o procedimento irregular foi feito e que não foi um caso isolado.

“Às vezes a gente até faz, como o carro é novo, o motor tá [sic] estragado, às vezes até isso aí. Não é um procedimento certo, mas às vezes acontece, admite”. “Às vezes a gente até faz uma vista grossa”, confirma.