O acidente com uma arma de fogo em plena sala de aula em uma escola particular de Campo Grande pode deixar marcas na vida de crianças e adultos. Apesar do medo e do susto, especialista alerta que os pais e as escolas devem retomar a rotina, mas sempre manter a conversa e nunca fingir que o fato não aconteceu.

A psicóloga infantil e professora na Uniderp, Mayara Mendes Bacha Coco, afirma que passado o susto, o momento é de tirar dúvidas. “O que a escola não pode fazer é negar que aconteceu, voltar como se tudo estivesse normal. Tem que aproveitar o momento, falar sobre regras, sobre armamento, sobre agressividade e violência. Tirar o máximo de dúvidas para evitar que os alunos criem uma fantasia em cima disso”, afirma.

Entretanto, ela ressalta que a conversa deve ser adequada de acordo com a idade de cada aluno, seja criança ou adolescente. “Devemos contar a verdade para a criança, mas na linguagem que ela pode ouvir. Manter o segredo entre pais e filhos causa muito problema”, diz.

Segundo a psicóloga, é difícil medir os impactos de um acidente como este na vida de uma criança. O aluno pode ficar assustado, com dó do colega que se machucou, com medo de ir para a aula, a reação vai depender de cada um. Quanto aos pais, apesar do medo e do susto, eles devem se manter firmes e passar segurança para os filhos.

A psicóloga também explica que é difícil medir os impactos do acontecido para a criança que levou a arma para a escola. Segundo a especialista, a criança pode ter um trauma, mas é preciso investigar sobre por que ela levou a pistola para a escola. “É preciso saber o que a arma representa para o menino e por que ele quis levar para sala de aula. Foi um desafio? Foi para se mostrar aos amigos?”, questiona.

Diante de um momento político em que o armamento faz parte da discussão, a especialista ressalta que os pais podem conversar sobre o assunto, mas sempre conversar sobre os prós e os contras.

“Deve mostrar que tudo tem os dois lados, a partir do momento que a gerente conquista, vem com direitos e responsabilidade. O pai e a mãe podem falar deste tema, desta forma global, não deve ser só o lado positivo ou o negativo do armamento. O adulto tem que trazer essa maturidade de ver os dois lados: toda conquista vem com responsabilidade e consequências”, conclui.