Nas redes sociais, alunos de LEDUC (Licenciatura em Educação do Campo) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) denunciam o que classificam como descaso da universidade e de uma empresa de ônibus no transporte de alunos em viagens para eventos. Na madrugada do dia 11 de junho, um ônibus levava 23 passageiros até Brasília, tombou e deixou os alunos feridos.

Na página Resiste LEDUC, alunos de licenciatura relatam o acidente ocorrido na BR-163, próximo ao município de Bandeirantes, a 68 km de Campo Grande. Os alunos seguiam de Dourados a Brasília para um evento de celebração de 20 anos do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária).

Com o acidente, três alunos ficaram gravemente feridos e uma delas segue hospitalizada. Segundo o acadêmico da LEDUC, Bruno Diniz, de 28 anos, a colega ficou com o o braço preso no ônibus e quase perdeu a mão. “Ela quase teve a mão amputada por causa da gravidade do ferimento, ela está num quarto coletivo, com sério risco de infecção”, afirma. Além disso, uma outra acadêmica está com dores na coluna e alunos cobram que a universidade forneça o suporte médico necessário para aqueles que se machucaram durante o acidente, além de encerrar o contrato com a empresa de ônibus.

O acadêmico Bruno Diniz afirma que a empresa de ônibus tem contrato com a universidade por meio de licitação. “Conversamos com a reitoria na quinta-feira (14), eles falaram que a empresa tem que arcar com os custos, que a UFGD fica de mãos atadas, que seria responsabilidade apenas da empresa. Eu não acho certo, nós saímos num ônibus da UFGD, a responsabilidade é deles também”, diz.

Esta não teria sido a primeira vez. Em 2016, em uma viagem para o I Encontro Nacional dos Estudantes de Licenciatura em Educação do Campo, o ônibus apresentou risco de incêndio e estragou, forçando os estudantes a acampar na estrada.

O acidente

Por volta das 5 horas da manhã do dia 11 de junho, o ônibus transportava 23 pessoas, quando entrou na contramão da pista. “Quando o motorista se deu conta, puxou bruscamente ônibus para a sua pista, que com a manobra entrou no acostamento e tombou às margens da rodovia. O ônibus tombado seguiu por mais de 100 metros”, contam estudantes.

Segundo relato postado na página do Facebook, os alunos denunciam que ficaram presos no ônibus até receberem a ajuda de caminhoneiros, que quebraram os vidros da saída de emergência. Alguns estudantes teriam se ferido e até havia uma criança dentro do veículo, que felizmente, saiu ilesa. “Três de nós ficaram gravemente feridos. Uma das estudantes ficou com o braço preso debaixo do ônibus, sofrendo danos irreversíveis a sua mão esquerda. A outra estudante teve ferimento grave no braço e uma terceira estudante sofreu grande impacto nas costas com sério risco de dano à coluna”, relatam.

Após o acidente, alunos com ferimentos graves foram socorridos e outros permaneceram na rodovia por mais 4 horas, até que um ônibus fosse enviado para resgatá-los. Na página da rede social, os acadêmicos afirmam que aqueles que não sofreram ferimentos graves, não receberam qualquer assistência e que não houve perícia para verificar o motivo do acidente.

O acadêmico Bruno relata que, quando o veículo chegou para buscá-los, os alunos tinham que carregar as malas sozinhos, mesmo feridos ou psicologicamente abalados. “Eu me senti totalmente desamparado, desde o momento do acidente, a empresa não prestou socorro devidamente. Eu acredito que se fosse um curso tradicional, a universidade já teria tomado medidas”.

O Jornal Midiamax tenta obter, por meio de ligações e e-mail, um posicionamento da UFGD e da empresa responsável pelos ônibus desde segunda-feira (18), mas não recebeu posicionamento até o momento de publicação da reportagem.