87 mil sepulturas: quais os desafios para manter os cemitérios de Campo Grande?
Com 87 mil sepulturas e apenas 23 trabalhadores fixos para os serviços de manutenção, administração, sepultamento e limpeza, os três cemitérios municipais de Campo estão diante de grandes desafios. Neles, não há espaço para novas lápides e dentre as que existem, muitas são abandonadas pelas famílias, o que dificulta o trabalho dos poucos funcionários. Com isso, […]
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Com 87 mil sepulturas e apenas 23 trabalhadores fixos para os serviços de manutenção, administração, sepultamento e limpeza, os três cemitérios municipais de Campo estão diante de grandes desafios. Neles, não há espaço para novas lápides e dentre as que existem, muitas são abandonadas pelas famílias, o que dificulta o trabalho dos poucos funcionários.
Com isso, a destinação de equipes de manutenção da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) para mutirões de limpeza e conservação torna-se frequentemente necessária. E, mesmo assim, não conseguem vencer a luta de manter limpos e conservados os três cemitérios municipais.
O cemitério Santo Antônio, o mais antigo da cidade e nas proximidades da avenida Eduardo Elias Zahran, conta com o trabalho de cinco funcionários, sendo dois deles coveiros. Já no cemitério São Sebastião, mais conhecido como Cruzeiro e localizado na avenida Coronel Antonino, são nove trabalhadores. Por fim, o cemitério Santo Amaro – o maior da cidade – conta com apenas nove funcionários fixos.
Como os funcionários são poucos, o clima é de abandono. As famílias não contribuem com a manutenção das lápides e os trabalhadores não dão conta de manter o local sempre limpo.
“Tem muito túmulo que não recebe manutenção há muito tempo, que nasce árvore dentro, mato, quando a gente percebe, o túmulo está rachado e depois vai ser destruído. Os zeladores têm muito trabalho para a limpeza, mas se cada um cuidasse do jazigo da família seria mais fácil”, conta coveiro
Valtecir Ari Paredes, de 46 anos.
Segundo os trabalhadores, a única maneira de contornar a situação é contando com o reforço de equipes da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) e de empresas conveniadas para a limpeza, que geralmente atuam em datas especiais, como o feriado de Finados.
“O abandono de sepulturas é um problema, o que mais tem aí. Não é só de gente desleixada, mas de gente que mora fora ou de famílias que todo mundo já morreu. A gente faz a parte mais da limpeza e também tem as equipes da Prefeitura, mas no geral, se todo mundo conservasse, seria mais bonito aqui”, explica a zeladora Lindinalva Bezerra, de 57 anos.
Nesta sexta-feira (2), a expectativa é que os cemitérios recebam 170 mil visitantes: cerca de 20 mil visitantes no Cemitério Santo Antônio, 110 mil no Santo Amaro e 40 mil no Cemitério São Sebastião, o Cruzeiro. Segundo a Prefeitura, equipes intensificaram a limpeza, com capina e retirada de entulhos.
Se não há mais espaço, onde enterrar?
Com os espaços lotados, não há mais lugar para novos túmulos em cemitérios municipais de Campo Grande. Os três locais não cobram por mensalidade e são a alternativa para quem não tem dinheiro para pagar por um cemitério particular.
No cemitério Santo Amaro, há 43 mil sepulturas, com uma média mensal de 65 enterros. O Cruzeiro abriga 29.450 sepulturas e tem, em média, 53 enterros por mês. O cemitério Santo Antônio tem 14.544 sepulturas com média de 15 enterros por mês.
Segundo a Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana), algumas medidas estão sendo adotadas para garantir vagas nos cemitérios Santo Amaro e Cruzeiro para atendimento de casos amparados pela assistência social, os chamados ‘carentes sociais’.
“A família que se enquadra nos critérios estabelecidos conforme legislação tem o direito ao ‘auxílio funeral’. Para esta parcela da população, os atendimentos permanecem sendo prestados normalmente e gratuitamente de acordo com a norma legal”, disse em nota. Além disso, a Semadur ressalta que, conforme determina a legislação, a cada cinco anos podem ser exumadas aquelas pessoas cujas famílias não adquiriram o Aforamento Perpétuo do jazigo, como é o caso dos ossários.
Quando uma pessoa não identificada morre, ela é sepultada em um jazigo identificado com um número. Cinco anos depois, é feita a exumação e os restos mortais são depositados nos ossários. No caso do cemitério Cruzeiro, até os ossários estão lotados e a Semadur não informou se há proposta de expansão.
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