Médica de Campo Grande ficará estéril após procedimento
Três dias. Esse é o tempo que Luciana Cafure, de 32 anos, e o marido, Kelvin Felipe Gimenes da Silva, de 24 anos, têm para dar início ao tratamento de fertilização in vitro, procedimento que em breve será para o casal a única chance de aumentar a família e se tornarem pais. Isso porque em poucas semanas, ela, que é médica da saúde da família em Campo Grande, vai travar a última batalha contra um câncer de peritônio, doença rara, descoberta em fevereiro deste ano e que a deixará estéril.
Luciana e o marido são casados há dois anos, mas estão juntos há sete. Há oito meses o casal decidiu aumentar a família e começou a fazer todos os exames necessários antes da gravidez. Entre um procedimento e outro, eles receberam o diagnóstico do câncer de peritônio.
Raro, a cada 100 mil pessoas, quatro são diagnosticadas com a doença que afeta o peritônio, uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e recobre órgãos como o estômago e os intestinos, reto, bexiga e útero.
Depois de descobrir a doença, Luciana e o marido tiveram de lidar com os obstáculos para o tratamento.
“O procedimento não é custeado por nenhum convênio. Brigamos muito para que houvesse a liberação. Ela já passou por duas cirurgias e falta a cirurgia curativa que custa R$ 150 mil. Conseguimos que o convênio cobrisse 70% e estamos pagando o restante”, afirma Kelvin.
A cirurgia está agendada. Será realizada em Campo Grande, no dia 14 de novembro. O procedimento deixará Luciana estéril e depois de feito, a alternativa do casal será a fertilização, que dura entre 10 e 12 dias.
Considerando as medicações necessárias, Luciana e o marido têm até quinta-feira (26) para dar início à reprodução humana assistida.
O tratamento é caro. Em uma das clínicas da Capital, custa R$ 23 mil. “Todo mundo pensa que médico ganha muito bem, mas sou médica da saúde da família e ainda estou pagando os 30% de todos os exames e cirurgias que já fiz, além dos 30% dos R$ 150 mil. Vem tudo descontado do meu salário e não recebo quase nada”, relata.
Kelvin, por sua vez, é estudante e trabalha como motorista autônomo. Com orçamento comprometido, não sobram recursos para a fertilização inv vitro.
“Sempre quis ser médica, casar de véu, grinalda e ter filho. A reprodução assistida é a única forma de completar esse sonho. Como preciso estar viva para ser mãe um dia, não posso desmarcar a cirurgia. Preciso fazer isso logo, então temos pouco tempo para o procedimento de fertilização”, explica.
Para conseguir recursos para a captação de óvulos e congelamento de embriões, o casal está vendendo um rifa no valor de R$ 5,00, que pode ser paga até por meio de depósito ou transferência bancária. O sorteio será no dia 5 de novembro.
Além da rifa, um bazar beneficente também será promovido pelo casal. Colaborações também podem ser feitas por meio de depósito nas contas do PayPaul, além do Banco do Brasil e Bradesco.