Pelo menos mil pessoas são esperadas

Oito movimentos de trabalhadores sem-terra ocuparam, na manhã desta segunda-feira (23), a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Campo Grande. Com o nome de ‘Coalizão do Estado’, os manifestantes cobram a retomada da pauta de reforma agrária negociada em 2014 e que, segundo eles, não avança no Estado.

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) -o mais conhecido movimento de reforma agrária- não participa da ação e os manifestantes ressaltam que não querem ser confundidos. “Não tem MST aqui. Eles não estão do nosso lado”, diz uma das lideranças. 

Participam da ocupação os movimentos: MAF (Movimento da Agricultura Familiar), FNL (Frente Nacional de Luta), LUTA, OSLT (Organização Social na Luta pela Terra), MAR (Movimento Agrário Rural), MTR (Movimento dos Trabalhadores Rurais), MAC (Movimento da Agricultura Familiar) e MASC (Movimento Agrário Social Cristão). 

Sobre a estratégia usada durante muito tempo pelos movimentos de fechar rodovias, a liderança afirma que eles não pretendem agir dessa forma. “Não está previsto, porque você tira o direito de ir e vir das pessoas e elas contra a gente. Isso não é nosso objetivo”. 

A situação é ainda mais visível na presença de um movimento recém-criado: o o MPL (Movimento Popular de Lutas), que tem a frente Jonas Carlos da Conceição, que era membro da direção do MST no Estado. Segundo ele, o movimento criado há aproximadamente uma semana já conta com 500 famílias no Estado.  “Nos retiramos [do MST] por não concordar com algumas coisas e indo de encontro com a base do movimento social”, explica Jonas. 

Pauta de reinvindicações

“Desde 2014 o Incra nacional fechou acordo com as famílias, mas nada foi feito. Eles [Incra] alegaram que o MP [Ministério Público] tranca a pauta. Mas, nós conversamos com eles [ MP] e há realmente uma demora na região de Dourados só. Nas outras, como Campo Grande, Conesul está liberado para as vistorias”, explica Rodionei Merlin, liderança do MAF. 

No prédio, os manifestantes afirmam que há aproximadamente 500 pessoas, e a expectativa é de que o número dobre no decorrer do dia. Os sem-terra prometem ficar no local até que o Incra nacional encaminhe documento se comprometendo com os movimentos. Não há expediente no local e os funcionários e o superintendente não puderam entrar nas dependências. 

“O Incra daqui não faz [as vistorias] porque não tem estrutura. Não tem como. Eles não tem nem carros. O Mato Grosso do Sul é um dos maiores em reforma agrária no Estado, pois tem os maiores assentamentos, e o Incra daqui não tem estrutura”, diz Merlin. 

Segundo a liderança, já havia sido marcada uma reunião no Incra, em Brasília, mas foi cancelada em cima da hora. Nova data foi agendada para a próxima terça-feira (24), mas diante da inércia do Incra, os movimentos sociais temem o encontro seja novamente cancelada. Por isso, eles pretendem ficar na sede até que a conversa seja estabelecida. “Só saímos com uma posição certa para essas famílias”, diz.