Bar Londrina, conveniência Maringá dão nome no comércio de Mundo Novo
Bar Londrina, conveniência Maringá e assim por diante, são algumas das cidades que dão nome no comércio de Mundo Novo na divisa com Guaíra, separadas pela ponte Ayrton Senna, sobre o Paranazão. A conexão entre os dois Estados traz a união culturas e criou novas identidades, e é nesse extremo que Mato Grosso do Sul é mais Paraná.
A explicação tem a ver com a proximidade entre as cidades, mas também com a forte migração no Estado. Pelo menos 26% da população que vive em terras sul-mato-grossenses é formada por pessoas naturais de outros estados, isso quer dizer que 632 mil pessoas migraram para Mato Grosso, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feito em 2012. Na época o Estado apresenta 2,4 milhões de habitantes.
Só em Mundo Novo, mais da metade dos moradores são de outros lugares, o mesmo acontece em Sonora, localizada na ponta norte.
A história do município começa no quilômetro um da BR-163, principal trajeto de escoamento de soja e milho produzidos no Centro-Oeste. A ponte que separa os dois estados foi inaugurada em 24 de janeiro de 1998, custando R$ 32 milhões. É a continuação da BR-163, sendo a única ponte no mundo em curva na parte central com tobogã. Com a novo trajeto, a circulação entre os dois estados ficou mais acessível, antes a travessia era feita por balsa.
A pacata cidade tem pouco mais de 19 mil habitantes,está a a oito horas de Curitiba e a cerca de seis horas de distância de Campo Grande. A cidade do Paraná mais próxima, Guaíra, fica a 25 quilômetros. A relação dessas cidades é vista nas ruas de Mundo Novo, formada por muitos imigrantes em busca de uma terra promissora, faz parecer mais um município do interior do Paraná.
Aliás, essas cidades levam o nome de dezenas de estabelecimentos. Londrina e Maringá, por exemplo, viraram nome de bar e conveniência, uma forma de homenagear o lugar de origem dentro da escolha feita pelo coração. “Minha família veio para cá quando éramos crianças, aqui fomos acolhidos e não voltamos mais. Coloquei o nome para não esquecer de onde viemos, mas não saio de Mato Grosso do Sul nunca mais”, diz o comerciante Lourival da Fonseca.
Cidade de interior é assim, a roda de conversa se forma fácil e de repente foram aparecendo os paranaenses que escolheram Mato Grosso do Sul, mas também aqueles que são do Estado e exaltam a terrinha. “Acho que ninguém sabe onde é, né?”, brinca o professor Thiago Couto, 40, que deixou Campo Grande em busca do sossego. “Aqui a gente vive bem, tem qualidade, não nos falta nada”, descreve.