Manoel de Barros ‘vira estátua’ entre árvores centenárias da Afonso Pena
Peça foi feita pelo escultor e cartunista Ique
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Peça foi feita pelo escultor e cartunista Ique
Nem todo mundo sabe, mas o poeta Manoel de Barros (1916- 2014) também foi inventor. Durante a vida, ele criou 3 máquinas: Uma pequena manivela para pegar no sono, um fazedor de amanhecer para usamentos de poetas e um platinado de mandioca. Pelo menos é assim Manoel narra no poema “O fazedor de amanhecer”. E agora, o poeta vai realmente fazer amanhecer, todos os dias, entre as árvores centenárias, na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande.
Para homenagear o centenário de nascimento do poeta, que viveu a maior parte da vida em Mato Grosso Sul, foi entregue nesta terça-feira (18), uma estátua de 400 quilos de bronze e 1,38 metro. Pelos próximos dias, a obra de Ique Woitschach vai ficar no Marco (Museu de Arte Contemporânea), mas logo será levada para Afonso Pena, entre as ruas Rui Barbosa e 13 de Maio. Lá, o ‘poeta’ vai ficar como gostava: assistindo ao amanhecer e de costas para o entardecer todos os dias.
A expectativa é que o local se torne ponto turístico, com Manoel de Barros sentado no sofá e espaço para quem passa no local sentar ao lado e tirar fotos. Assim como a estátua de outro poeta, Carlos Drummond de Andrade, no calçadão de Copacabana.
Ao entregar a estátua, o desenhista, cartunista e escultor campo-grandense Ique, se emocionou ao lembrar do tempo que conviveu com Manoel de Barros e a família do poeta. Segundo Ique, a perna cruzada, o sapato foram detalhes discutidos com o próprio poeta.
“É um prestígio muito grande ter essa estátua no nosso Estado. Sem dúvidas as pessoas vão querer passar e tirar uma foto”, disse o governador Reinado Azambuja (PSDB) que recebeu uma miniatura da estátua com oito quilos.
O secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery disse que a escolha de Ique ocorreu por causa da história dele com grandes estátuas como Pelé, Renato Russo e Pixinguinha.
A estátua custou R$ 232 mil em recursos do governo do Estado. Para evitar vandalismos, os óculos do poeta foi soldado diretamente na peça.
O fazedor de amanhecer
Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
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