“Me chamou de louca e mentirosa”, diz

Apesar da campanha ‘O Transporte é Público, o Meu Corpo Não' que incentiva as mulheres a gritarem por ajuda, uma jovem não foi auxiliada nesta sexta-feira (29) em , em um ônibus. Ao chegar ao ponto em que iria descer, em frente ao shopping, o homem que teria se masturbado ao lado da jovem, foi liberado e a Polícia não foi acionada.

“Eu pensei que nunca passaria por isso”, diz a jovem em uma postagem no Facebook. Ela conta que estava em um ônibus da linha 061 e quando estava próximo do ponto onde deveria descer, no Shopping, percebeu que um homem estava se masturbando.

“Dei uma olhada pro lado rapidamente, e demorei pra acreditar, olhei de novo (…), mas o cara estava se masturbando no onibus, ele percebeu que eu vi, e continuou. Logo gritei pra moça que estava sentada atrás de mim. (…) Só tinha nós três no fundo do ônibus, eu, a moça e cara nojento com o pênis de fora da calça”, relata.

Jovem grita por ajuda, mas suspeito de se masturbar em ônibus é liberado

A jovem afirma que o homem saiu e pegou um moto-taxi e muitas pessoas riram da situação. “O pessoal ficou rindo da situação. Eu estou me sentindo péssima, com nojo de tudo e de mim mesma”, desabafa. “Conclusão: eu fui chamada de louca, mentirosa por um cara que estava se masturbando, com o pênis de fora da calça, tudo isso dentro do ônibus e ninguém faz nada”, reclama.

Campanha

A campanha ‘O Transporte é Público, o Meu Corpo Não' foi lançada no dia 14 de agosto em Campo Grande para alertar as usuárias do transporte coletivo sobre o assédio. A subsecretária de Políticas para a Mulheres Carla Stephanini disse que a ideia é incentivar as mulheres a gritarem por ajuda.

“Ela precisa gritar, chamar a atenção e reunir testemunhas. Os motoristas passarão por treinamento para atender os casos. No entanto, basta ligar para 190, número da Polícia Militar e 153, da Guarda Municipal e denunciar”, disse a subsecretária. Somente neste ano foram registradas 55 ocorrências de importunação ofensiva ao pudor em Campo Grande, seja nos ônibus ou nas ruas.

Apesar da campanha e da orientação anunciada por Carla Stephanini, o Consórcio Guaicurus afirmou, por meio de sua assessoria de comunicação, que “fiscais não têm poder de Polícia” e que “a usuária do transporte público deve registrar um boletim de ocorrências”. Foi informado ainda que os motoristas não receberam orientação para impedir que as pessoas deixem os ônibus nestas situações.