Mulheres de várias linhas foram vítimas 

Um relato no Facebook expôs o assédio às usuárias do transporte público de Campo Grande. Em poucas horas, após o texto de uma estudante ser publicado, várias mulheres relataram já terem sido alvo do mesmo homem, um idoso que, disfarçadamente, “passa a mão” nas passageiras que estão sentadas no banco ao lado dele.

A estudante que fez a postagem diz que estava no ônibus da linha 308 (Santa Emília) quando aconteceu com ela. Ao sentar ao lado do idoso, ele foi abrindo o braço, encostando, até colocar a mão na perna dela. Na última quarta-feira (8), ela presenciou a cena, dessa vez, com outra mulher e começou a gritar para constranger o homem.

“Ele já fez comigo. Eu vi que ele estava no ônibus, sentado perto de uma menina e percebi que ele estava fazendo a mesma coisa. Ele vai bem devagar, então, para alguém perceber é difícil mesmo. Ele usa o trajeto do ônibus inteiro descendo a mão aos poucos até chegar na perna da vítima”, conta.

O relato foi postado no Facebook e compartilhado em um grupo de vendas. Em poucas horas, várias mulheres reconheceram o idoso e disseram que foram vítimas do mesmo tipo de assédio. Ele agiria, segundo as vítimas, além do Santa Emília, em duas das linhas com maior volume de passageiros da Capital: 070 (General Osório – Bandeirantes) e 081 (Bandeirantes – Nova Bahia).

Jovem faz relato de assédio em ônibus e várias passageiras reconhecem suspeitoApós a publicação da estudante receber comentários de outras vítimas, ela reuniu os relatos e diz que vai procurar a Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher).

O motivo de ainda não ter feito o boletim de ocorrência é o que toma conta de várias mulheres em situação semelhantes: o medo de não ser ouvida e ainda desacreditada.

“O povo só ficou olhando, ninguém fez nada e nem ia fazer. Achei melhor sair de lá e fazer o boletim de ocorrência, mas acabei postando no Facebook e muita gente compartilhou e mais vítimas apareceram. Fui juntando esses relatos para levar na delegacia. Talvez, só o meu depoimento não fosse suficiente”, diz.

Campanha

A campanha ‘O Transporte é Público, o Meu Corpo Não’ foi lançada em agosto para alertar as usuárias do transporte coletivo sobre o assédio. A subsecretária de Políticas para a Mulheres Carla Stephanini disse que a ideia é incentivar as mulheres a gritarem por ajuda.

 “Precisamos que no momento em que acontece o abuso, a mulher chame a atenção imediatamente para o fato. Que ela consiga reunir testemunhas e que formalize a denúncia na delegacia. Se o abusador ainda estiver dentro do ônibus, o motorista vai chamar a polícia e encaminhar a mulher e o abusador para a delegacia. É importante que a mulher faça a denúncia para que não haja subnotificação ”, explica Stephanini. 

Ainda segundo a subsecretária, o motoristas dos coletivos recebem orientações sobre como proceder e a vítima deve ligar o para o 190 (Polícia Militar) ou 153 (Guarda Civil Municipal). 

Jovem faz relato de assédio em ônibus e várias passageiras reconhecem suspeito