Greve geral: nas ruas, paralisação é opção para poucos
A maioria vai trabalhar
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A maioria vai trabalhar
Os organizadores da greve geral marcada para esta sexta-feira (28) esperam a participação de 50 mil trabalhadores, porém em consulta realizada na tarde desta quinta-feira (27) a maioria dos campo-grandenses disseram que irão trabalhar, seja por ter um negócio próprio, seja porque o patrão não dispensa. A adesão é baixa e, claro, há aqueles que irão apenas ficar em casa.
O levante é uma reação aos projetos votados pelo Congresso, uma agenda econômica do governo de Michel Temer (PMDB), como a reforma da Previdência, a reforma trabalhista e a aprovação da terceirização de todas as atividades.
Entre as categorias que já aderiram à “greve geral” estão os trabalhadores dos Correios, do transporte público, policiais civis, agentes penitenciários, agente patrimoniais, servidores do hospital regional do Mato Grosso do Sul, Procon (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor), judiciário e bancários. Os alunos de escolas públicas também estão se organizando para a participação.
Trabalho, sim!
Entre os entrevistados há aqueles que não abrem mão do trabalho. Como o comerciante Manoel Rodrigues Filho, de 57 anos. “Vou trabalhar. Tenho uma loja de materiais de construção e vou abrir a loja. A greve não vai interferir. Já tem tanto feriado”, reclama. Perguntado sobre a participação de seus funcionários, confirma a inalteração do expediente. “Não vou liberar meus funcionários e eles nem querem fazer greve”, justifica.
Também comerciante, Adilson Barbosa dos Santos, de 40 anos, também vai abrir sua loja de utilidades e brinquedos. “A loja fica no bairro, não vai ter impacto. Se fosse no centro seria diferente”. Sobre liberação de funcionários Adilson explica que somente ele e o sobrinho trabalham na loja e que é melhor ele estar trabalhando do que ficar em casa.
A cozinheira Cristiane Rosa da Costa, de 39 anos, é empregada, com carteira assinada, mas vê mais vantagem em ficar trabalhando do que aderir ao movimento. “Além do salário, recebo diária. Se não trabalhar, será ruim pra mim”, explica.
Quem também escolheu trabalhar é o bancário Richard Torres, de 33 anos, “Vou trabalhar. Não concordo com a greve. Acho que tem que ter reforma. Não como o governo quer colocar, mas tem que ter. Pelo que eu vi, a mobilização é por motivos errados, querem fazer baderna. Concordo com o fim da contribuição sindical, gostei muito dessa medida. Achei maravilhoso! Acho que tem que contribuir somente quem quer”, opina sobre a aprovação da reforma trabalhista pela Câmara dos Deputados.
Na empresa de embalagens onde Ana Cristina França, de 35 anos, trabalha no departamento pessoal, a ideia nem foi cogitada, mas mesmo que houvesse a opção, ela não participaria. “Acho que eu não participaria. Os motivos tinham que ser mais divulgados. As pessoas nem sabem pelo que estão brigando”, analisa.
Tenho que trabalhar
O guarda municipal Alan Pierre Cote Pereira, de 28 anos, vai estar nas ruas, mas trabalhando. “Vou ter que trabalhar, sou funcionário público. Provavelmente vou estar na rua trabalhando. Mas a manifestação é importante, desde que seja organizado”, afirma.
O prefeito Marcos Trad (PSD) já afirmou que não vai cortar o ponto dos servidores e avisou que quem faltar, vai ter de repor a falta. Assim como os servidores do governo do Estado que, se aderirem à greve, devem ter o dia descontado, segundo o governador Reinaldo Azambuja.
A estagiária Kassiane Neres, de 19 anos, disse que vai trabalhar porque o banco onde presta serviços vai abrir, mesmo a paralisação tendo sido confirmada pelo Sindicato dos Bancários. “Vou ter que trabalhar. Inicialmente falaram que os seguranças iriam parar, então o banco não poderia abrir. Mas hoje veio a informação de que eles vão trabalhar”, relata a estagiária. Assim como a atendente Rosana Alves Braga, de 43 anos, que trabalha na empresa de empréstimo consignado da irmã: “Ainda não está definido. Mas acho que a empresa vai abrir”.
Já a corretora Roseane Duarte, de 43 anos, diz que vai trabalhar, mas não descarta a hipótese de participar do movimento. “Vou trabalhar, mas como tenho escritório na frente da praça, dependendo de como estiver, vou fechar e ajudar na manifestação”, pondera.
Ficar em casa
Contrariado, o pedreiro Gledson Flander de Oliveira, de 30 anos, diz que vai ficar em casa. “Eu precisava trabalhar, mas não vai ter ônibus, então não tem jeito”, reclama. Quase nada muda para Esther Lescano de Souza, de 29 anos, que trabalha como autônoma. “Estou com a perna machucada, então preciso ficar de repouso”, conta.
Ficar em casa é a escolha do frentista Douglas Silva, de 22 anos, pois não acredita que as manifestações trarão resultado. “Vou ficar em casa com a minha mãe. Não adianta fazer greve. É perda de tempo”, opina. Já a cuidadora Vanessa Lima, de 30 anos, e a estudante Keila Borges, de 21, disseram que vão ficar em casa dormindo e não tem vontade de participar da greve.
Participar, escolha de poucos
Apenas alguns dos entrevistados manifestaram desejo em se reunir às passeatas programadas. Com liberação da patroa e discussão em sala de aula, o porteiro e estudante Luiz Rafael Teixeira Gadea, de 26 anos, vai para as ruas. “A síndica do condomínio onde trabalho liberou. Vou participar. Conversamos em sala de aula sobre a mobilização e sobre como é importante”, declara.
A atendente de operadora telefônica diz que a união neste momento é importante. “Vou participar, é importante. Vamos iniciar os trabalhos na empresa e às 9 horas todos pretendemos sair às ruas”, afirma. E a professora da rede pública Girlene Ramos, de 42 anos, também vai aderir. “De manhã vou ficar em casa, mas a tarde vou participar”.
E entre todos os que falaram à reportagem do Jornal Midiamax, o advogado Reinaldo Orlando de Araújo, de 78 anos ensina: “podemos engrenar, mas tem que correr da polícia”, brinca e conta que já apanhou na época da ditadura quando estudava no Rio de Janeiro. “É válido, mas precisamos de representatividade junto aos políticos. É complicado passarmos por isso enquanto eles estão lá, ganhando”, completa.
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