Funcionário disse que o caso já está no juridíco da empresa

Depois que a suposta ‘máfia dos táxis’ foi apontada por motoristas como uma das interessadas nas medidas para dificultar o uso de aplicativos de transporte em Campo Grande, agora é o Consórcio Guaicurus, que ganhou a concessão do transporte coletivo no fim da gestão de Nelsinho Trad (PTB), o suspeito de ‘espionar’ trabalhadores cadastrados na Uber.

A suspeita surgiu depois que vários motoristas receberam chamados pelo aplicativo a partir da avenida Afonso Pena. No local, apenas um carro prata equipado com câmeras e um motorista com prancheta chamou a atenção de quem caiu no trote. Um dos motoristas cadastrados na Uber, então, resolveu abordar o sujeito filmando a conversa.

No vídeo, o fiscal do Consórcio Guaicurus, Charles Valentim, acaba flagrado e admite que trabalha para os donos das empresas de ônibus em Campo Grande. O funcionário do consórcio aparece dentro de um carro da própria companhia estacionado na Avenida Afonso Pena, supostamente anotando placas dos veículos da Uber. No banco do passageiro, é possivel ver uma prancheta com anotações.

Na gravação de 1 minuto e 18 segundos, o motorista da Uber relata que recebeu um chamado para corrida, mas que na verdade se tratava de um trote. “Vou mostrar um chamado que eu tive de um Gol parado na afonso pena, solicitando aplicativo. Parado aqui. O rapaz aqui, filmando todos os carros”. 

Ele então questiona o condutor do carro prata, que confunde a pergunta e acaba se apresentando como funcionário do consórcio, seguido de uma risada. “Aqui, sou funcionário do Consórcio Guaicurus”, diz mostrando o crachá.

De acordo com um motorista da Uber que preferiu não ser identificado, o suposto espião solicitou uma série de corridas pelo aplicativo no mesmo ponto, a avenida Afonso Pena, mas o que parecia ser uma coincidência, era um trote. “Ele nos chamava e, quando chegávamos ao ponto, ele não aparecia. Isso aconteceu mais de dez vezes, e os motoristas acharam estranho isso, até que conseguimos fazer o flagra”, contou.

Segundo o  motorista, o fiscal anotava as placas dos carros chamados, mas ainda não se sabe para qual fim. “Pensamos que seja para passar para a prefeitura”, opinou.

Procurado pela equipe de reportagem, o funcionário informou que o caso está sob responsabilidade do departamento Jurídico do consórcio Guaicurus. Um outro prestador de serviço da empresa confirmou que o veículo utilizado por Charles, um Gol de cor prata e placas de Campo Grande, é de propriedade do Consórcio e está munido de uma câmara de segurança. Em contrapartida, a assessoria de imprensa do Consórcio negou qualquer tipo de fiscalização ou espionagem contra o Uber.

Impasse

Desde que chegou à Campo Grande, em setembro do ano passado, o aplicativo da companhia norte-americana tem enfrentado imposições da Prefeitura de Campo Grande, que pressionada por outros setores do transporte da Capital, querem o fim do serviço privado que promete algumas comodidades aos usuários, como a tarifa reduzida.

Na semana passada, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) declarou restrição de condutores cadastrados no aplicativo não pode ser superior que 980. Além disso, o serviço passará a ser monitorado pela Agência Municipal de Trânsito (Agetran), que distribuirá adesivos com o a informação “Estou legal” para diferenciar os carros da Uber considerados dentro da lei.

E ainda, quem explorar o serviço terá, a partir de agora que pagar o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). A despesa com o tributo pode variar entre R$ 591,36 a R$ 1.578,35.

Confira aqui