Especialistas orientam população
Não há casos de suspeita de febre amarela em Campo Grande, embora o surto da doença afete algumas regiões do país. Apesar da situação tranquila, o alerta é sobre os macacos: que não oferecem riscos à saúde humana, mas podem sofrer preconceito pela falta de desinformação. Especialistas asseguram que não há fundamento na relação entre doença e animal e à caça ao bicho pode resultar em detenção de até um ano.
Campo Grande tem uma ampla reserva de animais silvestres. Em específico, os macacos, sempre estiveram espalhados pela Capital, seja pelos bairros ou na região central – principalmente em áreas de grande verde como o Parque dos Poderes. Isso ocorre porque estes espaços são considerados um refúgio e, como o local é frequentado por moradores que os alimentam, os animais são dóceis e se aproximam das pessoas e podem correr riscos.
A área de preservação do Lageado, que fica nos fundos dos Parques Residenciais Maria Aparecida Pedrossian, Damha, Samambaia e Oiti, abriga pelo menos três espécies de macacos; Prego, Sagui e Bugio. “Queridinhos” dos moradores, a preocupação é que a desinformação ofereça risco à vida dos bichos.
Maus-tratos em animais é crime, e o autor da violência pode receber detenção entre três meses a um ano, além de multa, informou o Coronel Ednilson Paulino Queiroz, biólogo da Polícia Militar Ambiental, doutor em Ecologia Queiroz. “O povo confunde, o macaco é só um hospedeiro. As pessoas não sabem entender a natureza. Se não tivesse o animal ali, a doença chegaria sem aviso”, explicou. Em casos de suspeita de eventual caça ao animal, a orientação é para que o cidadão entre em contato com polícia.
O médico veterinário André Luiz Soares da Fonseca e professor de Imunologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), esclareceu que o animal não oferece risco à saúde humana, e se um animal é achado morto, é um indicador de que o vírus está na área e isso permite as ações preventivas para evitar que a doença se espalhe. “A febre amarela não é contagiosa, não se pega por convivência e sim pela picada do mosquito. O macaco é um sentinela, ou seja, está mostrando que está presente em grande vírus é grande. Ele absolutamente não oferece riscos”, orientou.
Há 15 dias, quatro macacos foram encontrados mortos em Aparecida do Taboado, distante 456 quilômetros de Campo Grande e equipes da Secretaria Estadual de Saúde estiveram na região do Bolsão para averiguar se houve contaminação por febre amarela.
O especialista ainda comentou a situação do país, que enfrenta um surto da doença principalmente na região nordeste de Minas Gerais. “No brasil a doença é endêmica, existe naturalmente nas matas, e se existe um equilíbrio do ambiente às chances de ser contaminado é mínima. O surto surgiu pela falta de vacinação”, opinou. A vacina, segundo André, oferece 97% de eficácia, por isso a importância de manter a carteira de saúde em dia.
Imunização
A cidade tem 62 pontos de vacinação, sendo CRS’s (Centros Regionais de Saúde), UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) e UBSF’s (Unidades Básicas de Saúde da Família).
A orientação é para que o individuo compareça à um posto de saúde de seu município para confirmar que a vacina está em dia, ou não. O esquema da febre amarela é de duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é de uma dose da vacina e outra de reforço, dez anos depois da primeira.
A situação em vários estados brasileiros é de alerta. O Ministério da Saúde recomenda que aos turistas que forem viajar para áreas consideradas de risco vacinem-se contra a doença. A dose deve ser tomada com ao menos 10 dias de antecedência.