Em , manifestação será às 16h

Em memória à musicista Mayara Amaral, brutalmente assassinada em Campo Grande, mulheres de várias partes do Brasil se mobilizam em atos contra a violência de gênero e o feminicídio – o assassinato de mulheres em contextos discriminatórios. Na Capital, uma manifestação está marcada para esta sexta-feira (4), às 16 horas na Praça Ary Coelho, Centro de Campo Grande. 

Em Campo Grande, em um evento no Facebook, até o momento, 1,1 mil pessoas confirmaram a participação. “Apesar da dor e dos golpes cotidianos e covardes dos machistas, não nos calaremos! Convocamos todas vocês para o Ato Nós por nós contra o Feminicídio! Machistas Não Passarão! Vamos fazer uma marcha que sairá da praça Ary Coelho e vai até a Orla Ferroviária”, diz a descrição do evento. 

Até o momento, pelo menos sete atos foram marcados pelo Brasil e buscam combater à violência e dar voz às mulheres. Mayara foi morta por um homem com quem mantinha um relacionamento emocional. Não foi um desconhecido ou uma vítima escolhida aleatoriamente.

Brutalidade

Mayara, foi morta aos 27 anos, dentro de um motel por dois homens usando um martelo. O corpo foi deixado na região do Inferninho e carbonizado. O crime chocou Campo Grande e o Brasil. A vida de Mayara foi esmiuçada e o que não faltou, foram opiniões e julgamentos sobre a musicista. Muitos, esqueceram que ela foi vítima de um crime bárbaro e passaram a pensar, nem que por algum momento, que ela ‘contribuiu' para a sua morte, indo a um motel.  

A versão dos três envolvidos, que foram presos pela Polícia Civil, é questionada. Não porque, Mayara não pudesse ir ao motel ou fazer o que bem entendesse da sua vida, mas, porque ela não está mais aqui para contar o que aconteceu. 

Mayara é lembrada por amigos como “mulher brilhante, musicista, amada por quem a conhecia”. Para quem não a conhecia, mas refez seus passos pelo Facebook, é possível ter uma pequena noção de quem ela era. Durante o mestrado na UFG (Universidade Federal de Goiás), ela apresentou a dissertação: obra de compositoras brasileiras para violão da década de 1970: vertentes analíticas e contextualização histórico-estilísticas. É claro o seu interesse por questões de gênero. 

Em uma postagem na rede social, ela mostra que ao pesquisar: número de compositirAs no Brasil, o Google automaticamente corrige para número de compositirEs no Brasil.

Latrocínio ou feminicídio? 

Latrocínio (roubo seguido de morte) ou feminicídio foi a pergunta feita por dias. Um dos envolvidos na morte é Luís Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, baterista que mantinha um relacionamento com Mayara. O outro suspeito de envolvimento no assassinato é Ronaldo da Silva Olmedo, 30 anos. Ainda há Anderson Sanches Pereira, 31 anos, comparsa com participação no roubo do veículo. 

Depois de tanta repercussão, o caso seguiu sendo tratado como latrocínio, já que os envolvidos teriam, segundo seus depoimentos à polícia, cometido o crime para roubar o carro da musicista. Em memória de Mayara, mulheres organizam atos contra a violência

Luís disse à polícia que ela foi até o motel, onde o crime ocorreu, acompanhada de Luís e, que Ronaldo estava no porta-malas do carro. Lá, propuseram à jovem sexo a três e ela concordou. Depois disso o crime foi cometido. Mas, há quem duvide da versão.

Já é fato que o motel ficou ‘destruído e com muito sangue' e, mesmo assim, a polícia não foi acionada. Os criminosos chegaram a deixar o documento da musicista como garantia de pagamento de uma taxa extra para a limpeza. 

Atos pelo Brasil

Em Natal, no Rio Grande do Norte, o ato também está marcado para esta sexta-feira. “Este evento é um ato de solidariedade. Solidariedade à família e aos amigos de Mayara. Solidariedade à luta das mulheres contra a violência. A ideia é reunir um grupo de pessoas e realizar uma pequena caminhada na Praia de Ponta Negra”. 

No próximo sábado (5), Ato Público em Memória de Mayara Amaral foi marcado na Praça de Bolso do Ciclista, em Curitiba (PR). “Convocamos todas e todos a participarem do ato Nós por Nós — contra o feminicídio e em memória de Mayara Amaral. Um ato de ocupação da lei. Ocupe este ato para discutirmos caminhos, soluções e transformarmos dor em ação efetiva”.

Em São Paulo, foi marcado ato na nesta sexta-feira (4), no Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). “No dia 4 de agosto, convocamos todas e todoss a participarem do ato Nós por Nós — contra o feminicídio e em memória de Mayara Amaral. Um ato de ocupação da lei. Ocupe este ato para discutirmos caminhos, soluções e transformarmos dor em ação efetiva”.

Na UFG (Universidade Federal de Goiás), onde Mayara fez mestrado, a o ato está marcado para o dia 16 de agosto, quarta-feira, na Emac (Escola de Música e Artes Cênicas) “Não nos calaremos! Mayara não era silêncio. Era música, alegria. E a gente precisa gritar”.

Na Praça Cinelândia, no Rio de Janeiro, também foi marcado ato na última quinta-feira (3). Na descrição do evento no Facebook são lembradas algumas das vítimas de feminicídio no Brasil e também, Mayara Amaral. 

1 de janeiro de 2017, Campinas (SP)Isamara Filier, seu filho de 8 anos e outras 10 pessoas. O responsável foi Sidnei Ramis de Araujo, 46 anos, ex-marido de Isamara. Nove das vítimas eram mulheres.

27 de julho, Maré (RJ)
Valdina de Souza Araújo, 44 anos, vendedora de salgados. Constantemente espancada pelo seu companheiro, o taxista Eduardo Martim da Silva. Valdivina segue desaparecida e a polícia considera a possibilidade de feminicídio.  

28 de julho, Botafogo (RJ)
Uma grávida de 4 meses, foi empurrada na frente de um ônibus em movimento. O motivo? A negativa do pai em aceitar a paternidade. O acusado? O ex-namorado.