Lar Ebenezer acolhe crianças vulneráveis há 29 anos

Desde muito cedo as mulheres sofrem os efeitos da desigualdade de gênero no Brasil. Mesmo antes de se tornarem adultas, estão sujeitas a tipos variados de agressões. Isso fica evidente no Lar Ebenezer Hilda Maria Corrêa, uma instituição filantrópica localizada em Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande, que desde 1988 acolhe meninas de 7 a 14 anos em situação de risco. Ali, 56% já foram vítimas de violência doméstica antes de serem retiradas dos próprios lares por determinação judicial.

Esse dado alarmante foi divulgado pelo lar nesta quarta-feira (8), data em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Trata-se de casos em que essas crianças são submetidas a hostilidade verbal, negligência, desprezo, abandono físico e emocional, rejeição e crítica excessiva, conforme a instituição que atua desde 1988 na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

A partir de encaminhamento judicial feito através da Vara da Infância e Juventude da Comarca, do Conselho Tutelar ou da Promotoria de Infância e Juventude do MPE-MS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul), essas pequenas mulheres recebem no Lar Ebenezer o acolhimento necessário para restabelecerem-se. Atualmente, são 16 meninas num espaço que pode abrigar até 20.

“Elas chegam com medo, não querem ficar na instituição, então é importante ter uma recepção amorosa. Depois, a gente aguarda 24 horas para dar aconselhamento e orientações. Em seguida são encaminhadas para consultas e terapias, em alguns casos, depois de cerca de dois meses vão para psiquiatra também, mas só em caso de necessidade”, informou Camila Santos, psicóloga do lar.

“A gente cerca as meninas com atividades, para auxiliar na reconstrução da identidade, para ajuda-las a superar o trauma. Então, o Lar oferece, com a ajuda de parceiros, aula de dança, artesanato e curso de espanhol”, detalha a profissional que atua diretamente na acolhida dessas jovens vítimas de violência doméstica.

Em seu site oficial, o Lar Ebenezer Hilda Maria Corrêa informa que foi criado há quase 30 anos “da necessidade de atender a crianças e adolescentes do gênero feminino de 4 a 12 anos de idade que tiveram seus direitos violados e que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social”.

Agora, a instituição que atendeu mais de 500 crianças ao longo de 29 anos de existência busca doações para manter suas atividades, já que os convênios com o poder público nem sempre são suficientes. O telefone 67-3421.0103 e os dados da conta na Caixa Econômica Federal, agência 2052 – Op. 003 – C/C. 164-7 foram disponibilizados para quem tenha interesse em ajudar.