Proprietários de estabelecimentos se mobilizam

Com a finalização da obra de recapeamento das ruas Guia Lopes da Laguna e Brilhante, a Prefeitura de Campo Grande pretende entregar um corredor de ônibus para garantir o deslocamento mais rápido dos coletivos. Entretanto, ao mesmo tempo que os usuários de transporte coletivo esperam melhoras, comerciantes estão temerosos de que as vendas venham a diminuir.

A dúvida paira entre os donos de estabelecimentos das vias atingidas, que estão inclusive se mobilizando para tomar uma atitude. O principal problema apontado por eles é a extinção de vagas de estacionamento no lado esquerdo das vias.

“Não sabemos como é o projeto, já perguntamos na Prefeitura, mas não cedem uma cópia para nós. Nós falamos com o vereador Papy (Solidariedade) para nos ajudar com isso. Assim que tivermos, vamos saber qual ação tomar”, declara Marina Marques, proprietária da Casa de Bolos, na rua Brilhante.

Corredor de ônibus: incerteza para comerciantes e esperança para usuários

Matheus avalia também que todo o trânsito será afetado. Segundo ele, o trânsito para as principais vias transversais à Brilhante e à Guia Lopes da Laguna, que servem de escoamento dos bairros para o centro, será prejudicado. “Será complicado fazer conversão à esquerda nessas ruas”, afirma ele sobre a Vicente Solari e Argemiro Fialho, por exemplo.

Além disso, Matheus alerta para uma possível questão de segurança para os pedestres. “O recuo é mínimo. Vai ser um perigo ter ônibus passando na porta dos estabelecimentos”, ressalta.

Marina não vê o corredor como uma solução. “A Brilhante tem três vias e mais o estacionamento. Colocar o corredor vai tirar estacionamento. Não há necessidade de um corredor, nunca tem congestionamento na Brilhante”, defende.

Corredor à esquerda

A maior estranheza entre comerciantes e usuários de transporte coletivo está no fato do corredor de ônibus ficar à esquerda da rua, já que as portas dos ônibus ficam do lado direito do veículo. Alguns não sabem do projeto e a interrogação entre os passageiros está em relação aos pontos de ônibus.

“Não estava sabendo. Mas acho que vai ser bom”, disse a aposentada Laudil Pinho Ramos, de 72 anos, que estava acompanhada de sua Elisângela Pinho Ramos, empacotadora de 43 anos. “A gente tem que ver como vai ficar”, diz Elisângela.

“Os moradores por aqui não estão gostando e estão reclamando bastante. Mas acho que para quem vai pegar ônibus vai melhorar, pois são muitas linhas que passam aqui. Quem não tem vale transporte, precisa ir no terminal. Com o corredor deve ter mais ônibus também”, Ilma Alves de Andrade, 53, dona de casa.

O promotor de vendas Erisvelton Luiz, de 25 anos, já tinha ouvido falar do corredor de ônibus, mas não sabia que seria do lado esquerdo. Entretanto vê a obra como benefício. “Acho que vai melhorar. O fluxo de ônibus e carros vai ser mais rápido”, analisa.

Estações de embarque

Para o embarque e desembarque dos passageiros nos ônibus, serão construídos pontos entre o corredor de ônibus e a via, “por meio de infraestrutura segregada, com prioridade de deslocamento”, como na ilustração e são chamadas de estações.

 

A ilustração obtida no site da Prefeitura mostra como pode ser o projeto das estações de embarque e desembarque. (PMCG)

 

Uma destas estruturas, segundo Bruno Cesar Ojeda, gerente de um posto de gasolina da rua Brilhante, está programada para ser instalada exatamente em frente ao estabelecimento ou próximo a ele.

“Só ficamos sabendo porque os soldados do exército que estão na obra vem aqui e a gente acaba perguntando. Mesmo que eles coloquem o ponto mais para frente, imagino que seja uma estrutura grande para acomodar um ônibus articulado. Com certeza vai atrapalhar. Temos um fluxo grande de carros aqui”, explica Bruno.

Prejuízos durante as obras

O gerente do posto de combustível afirma que durante a obra, o posto de combustível registrou perda de 40% nas vendas. “Por causa das interdições, muitos deixaram de vir aqui. Muitos clientes reclamaram que mesmo com as rotas alternativas, não conseguiam chegar e acabavam desistindo e procurando outro lugar”, conta.

Já, Matheus, proprietário da floricultura, relatou que conforme cálculos do seu contador, seu estabelecimento teve perda de 90% nas vendas durante os meses de julho e agosto, devido às interdições.

O que diz a Prefeitura

Em nota a Prefeitura de Campo Grande informou, por meio de sua assessoria, que “as obras do Corredor Sudoeste estão dentro do cronograma” e que “a conclusão do projeto está prevista em dois anos” a partir do lançamento. 

Em relação ao corredor de ônibus, “as estações de pré-embarque”, que fazem parte da última etapa do projeto, “ainda estão em desenvolvimento por parte da Agetran”.