Clientes acusam Flexpark de constranger com ‘multas falsas e fardas’ para vender

Notificação ‘manda’ comprar 10 horas, mas não há sanção para quem ignorar

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Notificação ‘manda’ comprar 10 horas, mas não há sanção para quem ignorar

Contribuintes campo-grandenses que usam o sistema de estacionamento rotativo na região central de Campo Grande acusam a concessionária escolhida pela Prefeitura de usar intimidação para vender. A empresa nega, mas usa ‘notificações’ com emblema da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) e adotou até uniforme parecido com a farda de agentes de trânsito.

Segundo motoristas, as notificações que parecem multas e os uniformes que parecem fardas seriam os ‘recursos’ para confundir os clientes e constranger a comprar os créditos que valem tempo de parada nas vagas em vias públicas.

As ‘notificações’ costumam ser deixadas nos para-brisas de carros estacionados que extrapolaram o limite de horas ou que não colocaram créditos nos parquímetros controlados pela Flexpark. O aviso manda o condutor quitar a irregularidade com a compra de R$ 20 em créditos com a empresa, em 48 horas. O que não está explícito é que a falta de pagamento não gera sanção ao condutor ou qualquer tipo de multa.

Em março, a Prefeitura de Campo Grande informou que o uso do símbolo da agência de trânsito nas notificações é impróprio, contudo, a empresa mantém o formulário, semelhante a uma multa de trânsito, o que acaba confundindo o condutor que, legalmente, não pode receber qualquer tipo de sanção da empresa pela falta de créditos – apenas o aviso da irregularidade.

Apesar de operar na cidade há mais de dez anos, motoristas ainda questionam o modo de operação. “Passou do tempo e já te notificam, é um serviço ineficiente e caro, em outras cidades existe mais clareza no que você está pagando e é tudo digital, é mais difícil ficar sem crédito”, disse o analista de sistemas Lourenço Deola. 

As dúvidas ganham mais força quando surgem as temidas notificações. “Tem que comprar 10 horas, isso se a Agetran já não tiver multado, é tudo feito em seguida, até parece que é tudo combinado, uma extorsão”, criticou o aposentado Daniel Costa da Silva. “E os fiscais usam uniformes parecidos com dos agentes de trânsito para intimidar, essa é a sensação”, completou. 

O município adverte que a Flexpark não tem competência para lavrar multas de trânsito, função que é restrita ao agente de trânsito e frisou que o papel da empresa é de orientar o motorista. Em caso de penalidade por estacionamento devidamente aplicada pelo agente legal, o motorista tem que desembolsar R$ 195.

A administradora do estacionamento rotativo na Capital defendeu, em nota, que sua função é de “democratização do uso das vagas” e justificou que o símbolo inserido em março, no cabeçalho do formulário, foi removido, entretanto, a logo anexada no rodapé das notificações são utilizados “há 13 anos”, pressupondo que a identificação similar a das multas será mantida. “A Flexpark não multa, apenas notifica aquela pessoa que se encontra irregular”, reforçou.

Recentemente, a Flexpark adotou um uniforme semelhante ao de guardas de trânsito, que também fiscalizam o estacionamento na área central, ao mesmo tempo que empresa. Para os ‘clientes’ do parquímetro, a mudança é vista como mais uma maneira de tentar intimidar o condutor, como forma de comprar créditos da empresa.

A empresa justificou que está ‘mudando sua identidade’, “pensando em melhorias”, e por isso trocaram as bermudas e camisetas e chapéus por camisas de manda longa de cor azul e boné. “Vimos alguns uniformes, gostamos de alguns e padronizamos conforme a identidade da empresa”, finalizou.

As queixas contra o serviço oferecido pela empresa também incluem o sistema de vendas de créditos, que são vendidos em pontos específicos e por fiscais da empresa. Em reposta, prometeram já para o próximo mês de outubro a implantação do ‘App Flexpark’, onde o usuário poderá comprar mais horas pelo cartão de crédito, assim como renovar a permanência e cancelar notificações.

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