Uso do alopurinol aumenta em Campo Grande

Os casos de contágio da leishmaniose visceral em humanos, em Mato Grosso do Sul, têm mostrado queda desde 2013. Enquanto isso, a militância dos protetores de animais avança nos resultados, e mostra que tem razão. O tratamento alternativo dos animais, com uso do medicamento alopurinol – e derivados – tem avançado em Campo Grande, o que mostra que o problema, ao menos agora, não tem sido os cães.

O ano de 2012 foi o ano em que mais casos da doença foram registrados: 330. Em 2015, Mato Grosso do Sul registrou 126 e em 2016, 102. 

O alopurinol é usado para prevenir crises de gota e outras condições associadas com o excesso de ácido úrico no corpo, entre elas, pedras nos rins e certos tipos de doença renal.O medicamento, aliado a outros compostos, no entanto, tem se mostrado mais eficaz no tratamento de cães com leishmaniose do que o Meltiforan, regulamentado pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Agricultura. Em cinco farmácias de manipulação acionadas pela reportagem, o medicamento de uso alternativo tem sido o mais vendido.

Presidente da ONG Abrigo dos Bichos, Maria Lucia Metello comemorou o avanço do tratamento. “Nós sempre divulgamos que existe o tratamento, hoje aumentou muito o número de tratamento, pelo menos elas se sentem à vontade para tratar, mas como tinha medo, faziam escondido. Ficava aquele medo porque existia a linha contrária, que não poderia tratar porque morreria o mundo”, comentou.

‘Agora chegou num ponto que nós falamos: tem tratamento, existe medicamento, liberado, se ele adoecer pode tratar sem receio algum, de sofrer qualquer tipo de sanção, agora a pessoa tem que ter a responsabilidade de tratar”, emenda ela.

“O alopurinal tem dado um excelente resultado. Profissional tem acompanhado alguns animais,e tem negativado muitos casos e obtidos sucesso. Então realmente fazendo manipulado tem surtido mais efeito”, explicou uma farmacêutica, que preferiu não ser identificada.

O alopurinol é manipulado com adição de outros compostos, como, por exemplo, a Cimetidina, Vibramicina, Sepurin e complementos alimentares.

Sandra Lubas, 64, é uma das pessoas que acompanha a eficácia do tratamento. Apaixonada ‘pela causa’, ela tem 21 animais onde vive, e 3 cães já foram negativados da doença.

“Dou um comprimido por dia. Tenho 21 animais, mas 3 já negativaram e foi tratado com ele. Não é só o alopurionol, é uma fórmula que o meu veterinário elabora. Ele negativa, ele cura os cães. Cães que vem da rua, sem um fio de cabelo, quase cego, com 6, 7 meses, já estão negativos. Eu resgato, trato, e coloco na doação, quase todos os meus já foram doados”, esclareceu ela.

Pesquisas a caminho

Professor e pesquisador de medicina veterinária, André Luis Soares explica que o medicamento deve ser elaborado em fórmulas, e cada animal responde de maneira diferente.  “Na verdade, tem vários protocolos diferentes, são drogas extremamente tóxicas. A minha linha é trabalhar com um conjunto de drogas que juntas são fracas, terapia convergentes, que são fracas, mas que em conjunto tem efeito. Ele é uma das drogas, muitas vezes sozinho ele não tem o efeito desejado”.

Agora, ele trabalhava em pesquisas que comprovem o efeito do medicamento. “O que falta é um trabalho científico, estamos fazendo um estudo agora, pra provar, a análise dos dados, análise estatísticas. Na verdade, depende do quadro do paciente, quando o animal está bem, responde bem. Como eu sou professor, a gente sempre via que esses medicamentos sempre foram usados de maneira isolada, eram resultados satisfatórios, e começamos a fazer o uso em conjunto, de forma racional. Você tem que usar drogas que agem em pontos diferentes”, explicou.