Após vazamento de amônia, frigorífico será alvo de inquérito do MPT

No acidente, 21 funcionários inalaram gás

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

No acidente, 21 funcionários inalaram gás

Após vazamento de amônia que intoxicou 21 funcionários no dia 8 de fevereiro, o frigorífico Marfrig Global Food S/A, em Bataguassu, distante 335 quilômetros de Campo Grande, será alvo de novo inquérito civil instaurado pelo MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul).

Conforme denúncia ao MPT, o último  vazamento seria o segundo rompimento da válvula do sistema de refrigeração registrado em pouco mais de três meses.  Em 2013, a empresa assumiu o compromisso de adequar o meio ambiente de trabalho e de pagar R$ 5 milhões em danos morais coletivos por causa de outro acidente que vitimou quatro trabalhadores.

Até o momento, duas inspeções foram realizadas no Marfrig para verificar as causas do acidente, coletar provas e propor medidas preventivas que evitem riscos à saúde e à segurança dos empregados. Entre as irregularidades identificadas estão a falta de tubulação de descarga da amônia na atmosfera, ausência de ventiladores de exaustão, além de falhas em equipamentos de proteção individual.

Após o incidente, a PMA (Polícia Militar Ambiental) multou o frigorífico em R$ 500 mil por poluição atmosférica. A empresa pode ainda responder por crime ambiental que prevê pena de seis meses a um ano de detenção aos responsáveis.

A procuradora do Trabalho Cláudia Fernanda Noriler Silva, responsável pelo caso, solicitou à Delegacia da Polícia Ambiental de Bataguassu cópia do inquérito do caso, assim como dos laudos do Corpo de Bombeiros e dos prontuários de atendimento na Santa Casa de Bataguassu.

A procuradora explica que foi necessária a abertura de novo procedimento investigativo porque a ação movida pelo Ministério Público do Trabalho em 2012 limitou-se à planta industrial do curtume. Dessa vez, a área atingida alcança o abatedouro do frigorífico.

Investimento

Da multa de R$ 5 milhões a que foi condenado o frigorífico em 2013, R$ 600 mil foram repassados à Santa Casa de Misericórdia para obras de expansão e R$ 41 mil foram empregados na compra de equipamentos de lavanderia. Ao Corpo de Bombeiros foram doados R$ 500 mil para aquisição de barco, caminhoneta e diversos equipamentos. A Polícia Militar Ambiental utilizou R$ 90 mil também na compra de barco e de uma lancha com motor. Já à entidade Nosso Lar Abrigo para Idosos foram destinados R$ 56 mil para equipamentos de lavanderia.

A Associação Beneficente Irmã Pura Pagani também foi uma das beneficiadas com mais de R$ 82 mil investidos na reforma da quadra esportiva e R$ 15,5 mil na instalação de aparelhos de ar-condicionado.

O acidente ocorreu em janeiro de 2012 devido à liberação de gás sulfídrico produzido em reação química durante manipulação de produtos no curtume. Os 21 funcionários que inalaram o gás foram socorridos para Pronto Socorro Municipal em carros particulares, ambulâncias da própria empresa e por equipes do Corpo de Bombeiros. As vítimas ficaram em observação, mas foram liberados horas depois.

Os funcionários teriam informado que os alarmes de evacuação da unidade foram tocados em seguida ao vazamento e que todos saíram rapidamente do local, mas ainda assim alguns inalaram o gás e chegaram a desmaiar dentro da empresa.

Outros vazamentos

Em janeiro de 2012, quatro pessoas vieram a falecer após vazamento de gás Sulfídrico no curtume da unidade da Marfrig em Bataguassu, durante o descarregamento do ácido em um caminhão. O produto era usado para retirada de pelos do couro do gado. No total 22 funcionários foram envolvidos, mas quatro morreram na hora, três foram internados e os outros 15 receberam alta no dia seguinte ao incidente.

Um vazamento de amônia em uma das salas de resfriamento da unidade, em outubro de 2016, fez com que uma funcionária precisasse ser socorrida e encaminhada para o Pronto Socorro Municipal em uma ambulância do próprio frigorífico.

Últimas Notícias

Conteúdos relacionados

Nota foi divulgada no perfil oficial do Instagram do colégio (Reprodução, Meta)
prefeita loa 2025 procuradores procuradoria fundo