Descobriu na base do constrangimento a proibição

A Marceline, tem só 48 dias e chegou há uma semana na sua nova casa. Sua tutora, a produtora de eventos Maice parreira Amaral, de 30 anos, a está levando de ônibus para o trabalho porque não quer deixá-la sozinha com o ‘irmãozinho’ mais velho Rocky, que tem 2 aninhos, mas é bem manhoso porque foi resgatado bem doentinho. Na manhã desta quarta-feira (20), no entanto, o motorista repreendeu Maice e tentou obrigá-la a descer do ônibus.

“Ainda não conseguimos fazer a adaptação dela com o Rocky e não quero deixá-la trancada dentro de casa, porque ele fica na varanda. Olha só. Ela é tão pequena. Não incomoda ninguém. Já tem uma semana que estou vindo para o trabalho com ela e nunca ninguém havia reclamado”, relata Maice. Marceline é da raça Terrier Brasileiro (mais conhecida como Fox Paulistinha).

A indignação da produtora de eventos está na abordagem rude que o motorista fez. “Eu já tinha descido no terminal e quando peguei o outro ônibus, o motorista gritou e falou assim: ‘Escuta aqui! Não pode andar com cachorro dentro do ônibus’. Eu falei que ia descer 3 pontos depois, mas ele continuou: ‘você não ouviu?’ e parou o ônibus e chamou o fiscal”, conta.

Segundo Maice, o fiscal pediu que ela descesse do ônibus, mas ela argumentou que não estava vendo nenhum aviso que não poderia levar o animal. “Tem a placa dizendo que é proibido fumar, mas não vejo nada em relação aos cães”, defende. Ela diz que em nenhum momento algum passageiro reclamou da presença de Marceline no coletivo. “Ela fica no meu colo dormindo. Se coloco numa caixa ela chora, mas no colo ela dorme e não incomoda”, afirma.

Ocorrências em ônibus

Além disso, Maice fica indignada sobre o fato de motoristas fazerem vista grossa para outras situações. “Saio às 8 da manhã de casa, deixo o trabalho às 18 horas e vou pra faculdade e volto pra casa às 23:40. Durante os trajetos e, principalmente a noite, tem gente bebendo e fumando, além dos homens que abusam das mulheres. Nunca vi nenhum motorista se manifestando por esses motivos”, reflete.

A reportagem do Jornal Midiamax consultou o Consórcio Guaicurus sobre o assunto que confirmou a proibição de animais dentro de coletivos. Em 2016 um projeto de lei de autoria do vereador Edson Shimabukuro (PTB), que dispunha sobre a autorização do transporte de animais domésticos de pequeno porte na rede de transporte coletivo de Campo Grande foi vetada integralmente pelo prefeito Alcides Bernal (PP).

Na época, o parecer do veto, encaminhado à presidência da Câmara dos Vereadores, considerou que o transporte de animais põe em xeque a segurança dos usuários e dos próprios animais, além de abrir a possibilidade de transmissão de doenças à população.

Sobre o tipo de conduta adotado pelo motorista, a assessoria de imprensa do Consórcio Guaicurus informou que a passageira pode formalizar queixa junto à empresa que tomará as devidas providências.