Adolescente ferido com mangueira reage, mas segue sem previsão de alta

Policia aguarda melhora para depoimento

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Policia aguarda melhora para depoimento

O adolescente de 17 anos ferido com a mangueira do compressor de ar pelo patrão, no lava-jato onde trabalhava, reagiu ao tratamento do CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa e retornou ao quarto, onde deve permanecer em observação. O paciente havia sido transferido à área amarela, do hospital, após sofrer um rebaixamento clínico. Ele permaneceu entubado no CTI, das 15h, desta segunda-feira (6), às 17h28, desta terça-feira (7).

Os altos e baixos no quadro clínico da vítima iniciaram no sexta-feira (3), quando o adolescente deu entrada no hospital, foi levado ao centro cirúrgico, e em seguida ao quarto. Ele permaneceu consciente até às 21h46 de domingo (5), quando sofreu um rebaixamento de consciência e precisou ser internado na área vermelha. Nesta segunda-feira (6), por volta das 15h, o paciente sofreu um novo rebaixamento de clínico e precisou ser entubado no CTI, na área amarela.

Já no fim desta tarde, o jovem voltou a reagir e foi transferido para o quarto novamente. Conforme apurado pela reportagem, o adolescente já está conversando com a equipe médica, apesar de se demostrar tímido e abalado com o que aconteceu. Conforme a assessoria de comunicação da Santa Casa, não há previsão de alta, mas ele segue em observação, consciente e medicado.

Segundo o delegado titular da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto, a polícia deve ouvir a versão do adolescente assim que o quadro clínico se estabilizar.

O caso

O crime ocorreu na última sexta-feira (3), quando o dono do lava-jato, de 23 anos, com a ajuda de outro funcionário, de 31 anos, introduziram a mangueira de um compressor no ânus do garoto, que também trabalhava no local. 

O autor chegou a telefonar para o irmão do jovem dizendo, apenas, que ele teria passado mal e que ele havia sido levado ao CRS do Tiradentes. Porém, ao dar entrada na Unidade foi transferido às pressas à Santa Casa, onde passou por uma cirurgia de reconstrução de intestino com duração de 6 horas. O jovem perdeu 20 centímetros do intestino grosso e ainda teve descolamento dos órgãos por conta do ar que entrou em seu corpo.

Segundo a família do adolescente, não era a primeira vez que ele era vítima da ‘brincadeira’ do amigo e do patrão no lava-jato. O pai e a mãr do jovem contaram que na segunda-feira (30) os suspeitos deram balas de massinha de modelar para o adolescente, que passou mal. “Ele chegou em casa vomitando e com dores no estômago, foi quando minha mulher foi até a casa do amigo que disse ter dado massa de modelar para meu filho comer”, afirmou o pai.

Ainda de acordo com informações da família, o suspeito de 31 anos era vizinho da família e convivia com o jovem. Seria ele o responsável por arrumar o emprego para o adolescente. “É muita dor para uma mãe. Cada dia que o médico diz que meu filho está melhorando eu dou glórias”, disse a mulher de 44 anos.

Em entrevista, a sogra do rapaz de 20 anos, proprietário do lava jato, disse que a mangueira de compressor de ar, sempre era usada em ‘brincadeiras’ no estabelecimento. “Eles tinham o costume de brincar com essa mangueira, de fazer essa brincadeira idiota”, falou a mulher de 45 anos.

Em depoimento prestado a 4ª Delegacia de Polícia Civil no dia do crime, os dois suspeitos reafirmaram a situação e alegaram que o caso foi consequência de uma brincadeira iniciada pelo próprio adolescente. Eles ainda alegaram que colocaram a saída de ar por cima da calça do jovem.

Já para o irmão da vítima, um dos rapazes teria confirmado ainda no hospital que eles chegaram a tirar a roupa do menino para fazer a ‘brincadeira’. 

Investigação

A investigação sobre a agressão da vítima em um lava jato de Campo Grande é de responsabilidade da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e segundo o delegado, ainda não há necessidade de pedir a prisão preventiva dos agressores, porém não descarta a possibilidade.

Segundo o Lauretto, o caso, por ora, é tratado como lesão corporal grave, porque até o momento não houve indícios de que os agressores tiveram a intenção de matar o adolescente. Ainda segundo ele, para que seja feito o pedido de prisão preventiva, é necessário que os agressores estejam ameaçando a família da vítima ou mesmo tentando prejudicar as investigações. Como isso ainda não foi identificado pela polícia, não houve o pedido.

Campanha

Na tentativa de ajudar, uma campanha organizada por amigos e familiares arrecada doações à família do adolescente. A ação objetiva recolher alimentos, roupas ou dinheiro, que serão destinados às despesas da casa e dos tratamentos, da vítima e do câncer do pai, que teve o benefício cortado.

Patricia Brites e Elizangela Almeida, tia e sobrinha, respectivamente, decidiram ajudar a família de alguma forma, nesta segunda-feira (6), e a idéia da campanha ganhou força.

Apesar de não manter contato com a família do jovem, Elisangela Almeida conhece o adolescente desde que ele era pequeno, porque a tia tem parentesco com a mãe da vítima. Ela se comoveu com a situação da família, principalmente, do adolescente que deverá ter uma recuperação lenta e do pai, que enfrenta o tratamento de câncer.

“Meu pai está passando por um tratamento de câncer e a gente sabe que as coisas não serão fáceis, inclusive, para a recuperação do adolescente e por conta do tratamento do pai dele”, disse.

As familiares também organizam uma passeata, em frente à Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), na tentativa de conseguir a mudança da linha de investigação, de lesão corporal para tentativa de homicídio.

As organizadoras pontuam que a manifestação, em frente a Depca, será um dos pontos de recolhimento das doações.

Quem deseja ajudar a família pode doar alimentos, roupas ou dinheiro pode entrar em contato com Elisangela pelo WhatsApp no 99212-2855 ou com a tia dela Patrícia no 99243-6015.  As arrecadações em dinheiro serão destinadas as medicações (do filho e pai) e contas da família.

Banco Bradesco
Agência: 1902-0
Conta: 12616-0
Valdeci Ferraz da Silva (Pai)

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