Aumento já está em estudo

Com uma das tarifas do transporte coletivo mais caras do Brasil, Campo Grande está à beira de um novo aumento no valor do passe de ônibus. A Prefeitura já começou a realizar o estudo que vai determinar qual será o novo valor. 

O aumento leva em conta os gastos dos empresários com a manutenção da frota, a quantidade de usuários, o salário do motorista, o preço do combustível e os índices de preço ao consumidor no período.

Todos esses números são colocados na famosa planilha dos empresários que é de difícil entendimento e nunca é detalhada para a população. Nos pontos de ônibus, os moradores da Capital têm muitas reclamações sobre o transporte público. Lotação, passagem cara, poucos ônibus e falta de conforto são apenas algumas das queixas. 

Em pouco mais de duas horas nas ruas do Centro da Capital, o Jornal Midiamax flagrou diversas situações que irritam os passageiros. A desinformação com os pontos de integração da Praça Ary Coelho fechados, foi uma das reclamações mais frequentes. Um cartaz avisa que o horário de funcionamento é a partir das 10 horas, mas os passageiros reclamam de chegar para comprar o passe e não encontrar ninguém. Esse foi o caso no ponto da Avenida Afonso Pena. Nesta manhã, só havia funcionário para vender o vale transporte, na parada da Rua 14 de Julho. 

Outro problema flagrado foi a falta de segurança para o embarque e desembarque, com idosos ‘se enfiando’ na sarjeta para conseguir chegar à porta do coletivo e motoristas dirigem, dão informação aos passageiros e operam o elevador para cadeirantes. 

Usuários reclamam do preço e da qualidade do transporteSobre a conservação dos veículos, nesta semana, um ônibus da linha 072 (Terminal Nova Bahia- Terminal Morenão), foi flagrado descendo de marcha à ré a subida da Avenida Paulo Colho Machado, a antiga Furnas. Dessa vez, o ônibus nem subiu. Um veículo da linha ficou parado antes da ‘subida do shopping’ e foi flagrado pelo Jornal Midiamax. A linha é uma das que pertenciam a Viação São Francisco e foi passada à Viação Cidade Morena.

Reclamações

Para o professor aposentado Odílio Cavalcante, 70 anos, os principais problemas são os ônibus superlotados e os horários em que faltam veículos. “Tem horários que falta ônibus e os articulados, eu vi que nenhum veio novo. Parece que vieram de Curitiba. Precisam criar linhas novas e outras, serem reajustadas”. 

O casal Elisabeth Franco, 59 anos, e Enésio Duarte, 64 anos, diz que não costuma andar de ônibus, mas quando é necessário, é sinônimo de dor de cabeça. Elisabeth diz que a linha que eles usam ocasionalmente [Otávio Pécora] não costuma estar lotada, mas que demora muito para passar. 

Tumulto no embarque é frequente “Para quem pega todo dia, é muito tumulto e ônibus lotado. O nosso demora muito para passar e é muito caro para quem ganha salário”, diz a cabeleireira.

O marido, que é militar, reclama de o valor ser único na Capital. “Se você por um pequeno trecho, pega errado e tem que descer, vai pagar o mesmo preço. No Rio de Janeiro não é assim. Só é o preço total quando vai de terminal a terminal”, compara. 

A bancária Walkíria da Silva, 46 anos, diz que não usa o transporte coletivo todos os dias, mas que quando usa, percebe os problemas. “É péssimo, superlotado. Demora até 25 minutos para passar e você chega atrasado nos compromissos. O valor é muito alto e não tem conforto”. 

A gratuidade de estudantes e idosos é apontada pelos empresários como um dos fatores que eleva o preço da tarifa em Campo Grande. Para Renata Peixoto, que estudante universitária, o justificativa não passa de uma desculpa. “Se querem melhorar o país e a educação, o mínimo que precisa, é dar o transporte. Se tirassem [a gratuidade] dificultaria ainda mais para estudar”; 

A dona de casa Maria Filomena de Oliveira, 54 anos, diz que paga mais caro, usando o ônibus executivo, para conseguir descer mais perto de casa. “Moro na Mata do Jacinto e o executivo é o único que passa perto da minha casa. Precisa de mais linhas na região”. VÍDEO: usuários reclamam da qualidade e do preço da tarifa de ônibus

Para o aposentado Geilso Freire, 65 anos, o transporte público no Brasil inteiro deve ser melhorado. É um valor super caro e sem conforto. Falta critério. Na hora de ir para o trabalho, é um em cima do outro [os ônibus] para atender o empresários. Mas na hora de levar o trabalhador para casa, não é bem assim”, diz. 

Aumento

A tarifa do transporte coletivo teve aumento de 30% nos últimos cinco anos. Entre 2010 e 2016, o valor passou de R$ 2,50 para R$ 3,25. No mesmo período, o número de veículos cresceu 10%, passando de 537 para 593 ônibus. 

O reajuste é aplicado pela Prefeitura entre o fim de outubro e meados de novembro. O estudo que determina o valor da tarifa tem duração, em geral, de um mês e leva em consideração índices oficiais do período mais próximo a data do reajuste. O percentual de aumento não precisa ser aprovado pela Câmara Municipal. Porém, os vereadores prometeram convocar audiência pública para discutir o assunto e ‘abrir a caixa preta’ do transporte coletivo. 

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