Confronto na deixou um morto e sete feridos

Começam a aparecer novos vídeos do ataque armado que deixou um índio morto e ao menos seis feridos em , a 273 quilômetros de Campo Grande, na manhã de terça-feira (14). No Facebook, a Rádio Yandê, que divulga o caso para organizações internacionais de direitos humanos, publicou gravações feitas por guaranis-kaiowá que estavam na Fazenda Yvu quando tiros foram disparados contra o grupo que ocupava a propriedade reivindicada como território Toro Passo desde domingo.

“Trator avançando sobre indígenas Guarani Kaiowá, na manhã de 14 de junho de 2016, no território Toro Passo, TI Dourados-Amambaipegua I, em Caarapó (MS). No ataque por pistoleiros, um foi assassinado, seis foram feridos entre eles uma criança”, consta na descrição do vídeo. Nos comentários, a página alerta a Organisation des Nations Unies (ONU), a Anistia Internacional Brasil, o Ministério da Justiça e Cidadania, Direitos Humanos Brasil e United Nations Human Rights.

As imagens mostram o trator utilizado para jogar terra sobre motos e utensílios que os indígenas haviam levado para a ocupação da fazenda vizinha à Aldeia Te' Ýikuê. Em um trecho da gravação, é possível ver um índio caído em meio ao mato. Foi um dos sete feridos, dos quais seis sobreviveram. Esse que aparece na gravação foi transferido com outras quatro vítimas para o Hospital da Vida, em Dourados, com um ferimento por munição letal no abdome.

O agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, morreu nesse mesmo ataque. Jesus de Souza, de 29 anos, foi ferido na barriga e passou por cirurgia em Dourados. Libesio Marques Daniel, de 43 anos, levou quatro tiros, no tórax, barriga e cabeça. Valdilio Garcia, de 26 anos, foi ferido com um tiro no tórax e passou por cirurgia para a instalação de um dreno. O menino de 12 anos, atingido com um tiro na barriga, foi operado e já está consciente.

Das vítimas, apenas Catalina Rodrigues, baleada no braço, foi a única que não precisou ser transferida do Hospital São Mateus, onde todos receberam os primeiros atendimentos, em Caarapó. No leito onde permanece internada, ela foi ouvida pelo delegado Marcel Maranhão Rosa, que comanda as investigações da PF (Polícia Federal) para identificar a autoria do crime contra a coletividade indígena.

Embora os federais não tenham encontrado armas nos veículos de fazendeiros e na sede da Fazenda Yvu durante o cumprimento de mandados de busca, tanto o vídeo divulgado pela Rádio Yandê ontem quanto o publicado pela página Aty Guasu na terça, mostram que houve sinais de disparos de arma de fogo. Fotos das vítimas, obtidas com exclusividade pelo Jornal Midiamax, comprovam os ferimentos provocados por munição letal, algo que os próprios socorristas também já garantiram.

O Sindicato Rural de Caarapó informou em nota que os produtores fizeram uma mobilização na terça-feira para retomar a fazenda ocupada pelos índios. Disse desconhecer o uso de armas de fogo e alegou que o grupo de ruralistas filmado pelas vítimas recorreu a fogos de artifícios com receio de retaliação dos guaranis.

Assista ao vídeo: