Paralisação tem adesão de 90% das escolas do estado, diz

Trabalhadores da educação pública de Mato Grosso do Sul paralisaram as atividades nesta sexta-feira e fazem manifestação na praça do rádio, carregando faixas e balões e acompanhados por um carro de som. A mobilização faz parte de um protesto nacional contra possíveis mudanças feitas pelo governo federal que, segundo a categoria, ameaçam os direitos historicamente conquistados, como o fim da hora-atividade e a reforma da previdência social, por exemplo.

Segundo a Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), a expectativa é que 5.000 pessoas apareçam na mobilização. Conforme a federação, 90% das escolas estaduais estão paradas hoje em todo estado. Porém, até o momento 13 municípios possuem 100% das escolas paradas: Miranda, Fátima do Sul, Coxim, Ponta Porã, Camapuã, Jardim, Douradina, Juti, Iguatemi, Rio Verde, São Gabriel do Oeste, Mundo Novo e Japorã.

No caso de , ainda não há um número exato de escolas paralisadas para divulgar. Já Dourados, 70% a 80% dos estabelecimento de educação estão sem atividade.

De acordo com o secretário de finanças da Fetems, Jaime Teixeira, os trabalhadores contestam as reformas do Governo Federal e estão preocupados com as desvinculação dos 25% dos recursos da união para a educação nos estados. “Se desvincular, a prefeitura e o governo podem investir o quanto eles quiserem e pode ser um menor valor. Isso pode atingir fortemente as politicas de médio e longo prazo”, diz.

Ainda segundo o secretário, os trabalhadores também temem a alteração do PNE (Plano Nacional de Educação), que VÍDEO: manifestação questiona mudanças de Temer na educaçãoprevia 10% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional para educação, e a reforma da previdência. “Hoje, 82% dos educadores são mulheres e hoje elas se aposentam mais ou menos com 52 anos. Com a mudança na previdência, elas teriam que se aposentar chegando aos 60. Uma professora passaria dos 22 anos aos 60 trabalhando. E isso é impossível”, ressalta Teixeira.

Ele também afirmou que é contra leis que dificultam o trabalho dos educadores, como a Lei da Mordaça, vetada ontem na Câmara Municipal. “Como um professor de historia ou de filosofia vai poder dar aula sem tocar em alguns temas?”, questiona.

Segundo Maria Auxiliadora de Rosa Pires, professora há 41 anos, as possíveis mudanças que serão feitas pelo governo são um desrespeito às conquistas dos professores. Ela afirmou que o governo é ‘golpista e ilegítimo'. Segundo ela, o piso salarial e a aposentadoria é uma luta de muitos anos. “Já participei de muitas manifestações, muitas greves. Nós vamos lutar até o fim. Este é o primeiro momento de vários outros”.

Eliana dos Santos Dionízio, professora ha 12 anos, diz que é muito importante mostrar indignação. “Todos esses anos de luta para agora um governo ilegítimo tentar tirar os nossos direitos. É o primeiro momento de outras lutas contra essa injustiça.

O presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública), Lucílio Nobre, também considera um retrocesso a retirada de leis como a do Piso Salarial. “Essas lutas demoraram 30 anos para serem conquistadas. A expectativa nossa é que a lei do piso fosse cumprida em 2017 no município. Aí o professor que recebia R$2.135 por 40h/aula, receberia esse mesmo valor por 20h/aula. Mas se houver essas mudanças, vai automaticamente acabar a lei do piso”, pontua.  

Veja o vídeo da manifestação AQUI