Ligações vêm de todo o Brasil
O telefone tocou incontáveis vezes no supermercado de propriedade dos pais de um dos jovens que espancou um rapaz por ter urinado em seu carro. “Estou muito nervoso. Tenho este estabelecimento há 20 anos e fui assaltado 8 vezes, mas nada se compara a o que estamos vivendo nestes dias”, diz o pai do jovem. “Ele não devia ter feito isso e vamos pagar na justiça, mas o que estão fazendo … criando páginas, nos ameaçando de morte, divulgando nossos telefones, documentos, endereço. Estou sem chão”, conta a mãe, que chorou muito durante a entrevista.
Os pais dizem que o jovem nunca havia se envolvido em brigas, que trabalhava o dia inteiro desde os 16 anos e estava cursando faculdade. A explicação para a situação? “Numa balada, não tem que não beba. Estavam todos alterados. O rapaz provocou meu filho, ficou mostrando o órgão genital para todos e o sangue subiu. Mas eu sei, isso não justifica”, conclui o pai.
Depois de tentar ignorar o telefone que insistentemente continuava tocando, o proprietário do supermercado pegou o aparelho: “olha só, nem é daqui. O DDD é 41. Ligam de todos os lugares do Brasil. Sempre nos ameaçando de morte. As pessoas não tem noção que ameaçando elas podem responder judicialmente também. Eles não sabem a causa, só filmaram meu filho batendo, não filmaram o rapaz urinando e provocando, mostrando o órgão genital”.
Além de ameaças por telefone, a família comenta que foram criadas páginas no Facebook e estão fazendo postagens divulgando dados da família. “Tivemos que ir na operadora de celular para trocar o chip do telefone do meu filho, porque ele estava recebendo muitas ligações e mensagens e os próprios funcionários de lá tiraram fotos de nós e publicaram nas mídias sociais. Saímos rapidamente de lá, pois ficamos com medo”, relata a mãe que diz estar assustada com a repercussão.
O pai diz já tem um advogado cuidando do caso e vão procurar identificar os autores das ameaças, postagens e páginas do Facebook que foram criados. “Vamos tomar providência. A maioria das ligações são de fora, mas tem alguns de Campo Grande. E várias ameaças na internet”, relata. O telefone toca novamente e o pai verifica o visor: “olha só, agora o DDD é 21”.
“Me coloco no lugar da mãe e do pai do menino. Não gostaria que isso tivesse acontecido com meu filho. Ele se arrependeu, pediu perdão para o rapaz, e não foi porque o vídeo foi divulgado. Duas semanas antes de isso tudo vir à tona, ele foi procurar o menino, porque era a coisa mais íntegra a ser feita”, diz a mãe. “Ele foi bem criado. Errou, mas tem o direito de consertar a vida. Do jeito que está ele não pode trabalhar, nem estudar! O que vou fazer com ele? Nós queremos pedir perdão! Perdão à família. Perdão ao rapaz. Reconhecemos os erros dele, mas estas ameaças estão nos deixando sem chão”, finaliza ela ela.