Francisco trabalha há 28 anos no cemitério mais antigo da cidade

Com propriedade de quem já trabalha há quase 30 anos em cemitério, Francisco Alves da Silva, o famoso “Chico”, contou um pouco desta experiência ao Jornal Midiamax, nesta quarta-feira (2), . Há exatos 28 anos, ele vive a rotina do Cemitério Santo Antonio, o mais antigo da cidade, e desmistifica as histórias tenebrosas que contam por aí. Para ele, o mais difícil mesmo é ter de conviver com enterros infantis.

Como encarregado, Chico primeiro explica que a estimativa deste feriado é de que pelo menos 10 mil pessoas passem pelo local ao longo do dia. “O movimento está fraco, ano passado era praticamente o dobro disso”, adianta.

Ao narrar seu trabalho, deixa transparecer todo orgulho que tem, afinal, ali estão guardados nomes importantes da história de Mato Grosso do Sul. Chico destaca o enterro de Amando de Oliveira, que marca o primeiro jazigo a ser feito no local, em 1925.

“Ele doou parte de sua fazenda Bandeirantes para construir o cemitério”, explica Chico. Em seguida, lista o fundador da cidade, José Antonio Pereira, Glauce Rocha, Neto Lima e o sanfoneiro Zé Correa, como habitantes das lápides mais visitadas de todo espaço, que tem dimensão de quarteirões grandes.

Das muitas histórias que sabe, Chico, que já tem fama e é cumprimentado pela maioria que passa, diz que não tem casos de assombração como pensam as pessoas. Segundo ele, o que acha mais curioso, é que às segundas, quartas e sextas-feiras, um grupo de pessoas costumam visitar o cemitério, onde deixam coisas como champagne, pinga, salgado e pipoca.

Sem dar mais detalhes do rito destas pessoas, Chico fala dos males do seu emprego. “Os sepultamentos mais tristes, são os de crianças, por isso não participo muito, evito quando posso”, resume.

Mesmo tendo dito que não há casos de assombração, Chico lembra que dos quase trinta anos de Cemitério, um fato ainda segue sem explicação. “Há uns vinte anos atrás, eu e outros funcionários do cemitério tínhamos acabado de almoçar. Nós estávamos jogando dama, quando uma mulher entrou, pegou uma caixa de fósforo e saiu. Depois saímos para ver e tinha um morto no cemitério esperando pela gente. O que era (a mulher de branco), eu não sei, só sei que ela pegou a caixa de fósforos e saiu”, conta.

Bem-humorado, Chico diz que este é o segredo para trabalhar no local. “Humor é a única forma de alegrar as pessoas por aqui”, diz em referência, aos inúmeros enterros que já acompanhou.

Visitas

Pela manhã, grupos de escoteiros e de religiosos se somavam às famílias que visitaram o Cemitério. Até mesmo pessoas com cartazes de ‘Abraços Grátis' animavam os visitantes. O cemitério segue aberto para visitação até às 17h.