Pelo menos quatorze acidentes aconteceram nas barragens até 2015

O relatório de especialistas independentes da sobre o maior desastre ambiental da mineração mundial, ocorrido há dez meses em Mariana, Minas Gerais, concluiu que uma série de irregularidades evidenciavam o que estava por vir. O documento, de 88 páginas, foi disponibilizado somente em inglês e só pode ser acessado depois de uma inscrição com um cadastro detalhado do usuário pelo site www.fundaoinvestigation.com/the-report/.

O relatório foi elaborado por quatro especialistas em geotecnia de barragens. Os profissionais se basearem nas diferentes propriedades da areira e do iodo, principais rejeitos produzidos pela mineração da Samarco. As substâncias deveriam ser depositadas separadamente, via de regra, o que não foi feito pela mineradora.

Em abril de 2009, o primeiro dique de terra em Mariana começou a vazar. Depois disso, outros 13 incidentes de vazamento, encharcamento das barragens, fissuras e deformação de estruturas foram apontados entre julgo de 2010 a julho de 2015.

Para evitar esses problemas, os técnicos da Samarco modificaram o projeto do dique, transformando-o em um formato de ‘S', mas não deixaram de depositar na barragem a areia e o iodo juntos. A areia ia na parte da frente e o iodo ais acima. Com o tempo, a areia acabou em cima de uma parte do iodo, sofrendo a pressão da pilha do rejeito, que é mais denso.

A Samarco deveria ter deixado a barragem com uma área de segurança de 200 m de largura somente de areia, entre a crista da barragem e o iodo, para facilitar o escorrimento de água. Ao invés disso, a apenas 60 m da faixa de segurança foram estabelecidos, o que deixou a areia mais saturada.

Segundo um dos peritos do relatório, a pressão da areia sobre o iodo passou a ser tão forte que fez o reagente começar a se expandir para os lados dentro da barragem. O processo poderia ser comparado a um tubo de pasta de dente sendo apertado. Depois de certo ponto, há estreita faixa de areia não conseguiu mais ser capaz de deter o vazamento do iodo, causando o rompimento dos diques de terra mais abaixo.

O painel de especialistas também avaliou a possibilidade de que o pequeno tremor de terra (2,5 graus de magnitude) ocorrido 1h30min antes do desastre tenha funcionado como um gatilho. Conclusão: “Isso possivelmente acelerou o processo fatal que já estava bem avançado”.