Público estimado foi de cerca de 1500 pessoas

Após cerca de três meses de ensaio, o espetáculo que mobilizou 80 pessoas de toda uma comunidade na produção dos últimos momentos terrenos de Jesus Cristo finalmente foi exibido, para um público de cerca de 1500 pessoas, no bairro Moreninhas, uma das maiores e mais populosas regiões de periferia de Campo Grande. A encenação da Paixão de Cristo no bairro já se tornou uma tradição e acontece ‘religiosamente’ há 28 anos.

Diferente de outras apresentações da Paixão pela cidade, nas Moreninhas notou-se a presença majoritária de jovens, como a estudante Amanda Morais, 18. “A Semana Santa não significa muita coisa pra mim, mas eu acho muito bonito ver o espetáculo, de saber que os jovens da nossa comunidade se unem para isso e que pessoas de outros bairros vêm aqui só para assistir”, afirma.

Já para o comerciante Fernando Allan, 27, acompanhar a Paixão de Cristo no bairro já faz parte de sua rotina há 10 anos. “Sempre venho assistir com a minha família, que é bem católica. Nós fazemos jejum, seguimos a tradição, e gostamos de ver a comunidade das Moreninhas sendo reconhecida por algo de bom, e não pela violência”, declara.

Tradição de 28 anos

O atual coordenador do espetáculo, Juliano Louveira, relata que no começo a maior dificuldade do grupo era achar os atores. “Hoje não temos mais a necessidade de procurar. Os jovens aqui já sabem da tradição e já procuram a gente para participar”, relata. Todos os anos, papéis são renovados. 

Quem interpretou Jesus Cristo este ano foi Giovani Dutra, e seus preparativos para viver o grande personagem bíblico incluem um grande esforço físico. Afinal, são mais de duas horas de espetáculo, que exigem interpretação e força, principalmente na hora de carregar a enorme cruz, um dos momentos mais tensos e emocionantes da peça bíblica. Giovani também começou como ator, fazendo um soldado, e há alguns anos atrás havia interpretado Jesus Cristo. “Esse ano me chamaram novamente para o papel, mas a cada ano o ator muda”, relata. 

Para ele, o papel de Jesus é de uma responsabilidade enorme, mas a experiência com o teatro da Paixão de Cristo faz disso um gosto a mais para eles, conforme afirma Juliano. “Se, entre as 2 mil pessoas tivermos uma que sai dali (do espetáculo) evangelizada, já é o suficiente para nós, valem nossos esforços”, conclui.