Dados divulgados pelo Cimi nesta quinta-feira

Mato Grosso do Sul concentra 26% dos assassinatos contra os povos indígenas Das 137 mortes registradas em 2015, 36 aconteceram no Estado. Quando se trata de tentativa de homicídio, MS é destaque mais uma vez, registrando 38,7% das intenções de morte contra índios no Brasil. Os números podem ser maiores, já que a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) reconhece que as informações fornecidas ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) são defasadas.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (15) em Brasília. As informações repassadas ao Cimi pelo Dsei-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena), dão conta que 96% das vítimas eram do sexo masculino, 33% tinham entre 10 e 19, 36% tinham entre 20 e 29 anos, 16%, entre 30 e 39 anos e 15% estavam acima de 40. Dourados, distante 230 quilômetros de Campo Grande, continua como o município com o maior número de mortes violentas de índios em Mato Grosso do Sul.

De 2003 a 2015, 891 indígenas foram assassinados no Brasil, o relatório porém dá ênfase ao número pertencente a Mato Grosso do Sul. Do total da série, o estado é responsável por 47% dos casos. Veja a tabela.

MS concentra 26% dos assassinatos de índios em todo o País, mostra relatório

Segundo a organização, os dados de 2015 evidenciam a permanência do quadro de omissão dos poderes públicos em relação aos direitos dos povos indígenas, especialmente em relação ao direito à terra, o que impacta drasticamente no direito deles viverem de acordo com o seu modo tradicional, ambos reconhecidos e garantidos pela Constituição Federal.

De acordo com o Cimi, há um agravamento do número ataques milicianos contra os acampamentos das comunidades Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. “Até mesmo inaceitáveis práticas de tortura com requintes de crueldade, como a quebra de tornozelos de anciãos, foram realizadas. Neste caso específico, em outubro, no tekoha Mbaracay, município de Amambai, após um desproporcional ataque com armas de fogo”, informa o Cimi ao lançar o relatório.

Registros feitos pelo Cimi

O próprio Cimi registrou, em 2015, 52 casos de violência com 54 vítimas de assassinatos. Desta soma, 20 foram registrados em Mato Grosso do Sul. Neste triste ranking, o estado fica bem a frente de Tocantins, que tem o segundo maior número, com 6 mortes. As informações. O levantamento dos dados foi feito pelas 11 regionais do Cimi no Brasil e através de outros meios de comunicação.

De acordo com as informações coletadas, “das 54 vítimas, oito eram do sexo feminino e tinham idades entre 9 e 82 anos. Uma criança do sexo feminino, de 9 anos, está entre as vítimas. As outras 46 pessoas eram do sexo masculino e tinham idade entre 2 e 75 anos. Do total de vítimas, incluindo homens e mulheres, nove eram menores e tinham entre 2 e 17 anos”.

Conforme o relatório, pelo menos 15 mortes ocorreram em decorrência de brigas ou consumo de álcool. Conflitos fundiários foram a causa de cinco casos. O relatório aponta que 21 indígenas morreram por armas brancas e 15 por armas de fogo.

O Cimi afirma no relatório que há “omissão” dos órgãos estaduais e federais, em relação aos conflitos fundiários. “Os órgãos estaduais e federais são omissos e coniventes diante dos crimes praticados contra os povos indígenas e o meio ambiente. A promiscuidade existente entre madeireiros e autoridades locais incentiva a exploração ilegal da madeira, um crime lucrativo”, diz trecho do relatório.

Suicídios

MS concentra 26% dos assassinatos de índios em todo o País, mostra relatórioDentre as notificações de suicídio, mais uma vez, Mato Grosso do Sul fica em evidência no relatório do Cimi. Dos 87 atos de atentado a própria vida, 45 foram registrados no estado. Segundo os dados repassados pela Sesai e pelo Dsei-MS, 73% das vítimas eram do sexo masculino e 27% entre o sexo feminino. A faixa etária com maior número de casos é a dos 15 aos 19 anos (37%), seguido de casos na faixa de 10 a 14 anos (24%) e 20 a 29 anos (22%). O maior número de casos se deu no município de Amambai (37%). 

A tabela ao lado mostra a distribuição dos suicídios entre as regiões do Brasil.

Outras formas de violência

O relatório ainda aborda outras formas de violência como homicídio culposo, lesões corporais, abuso de poder, racismo e discriminação étnico cultural e violência sexual. Das violências decorrentes de omissões, como o suicídio, o relatório contempla tópicos como desassistência na área de saúde, mortalidade infantil, disseminação de bebida alcoólica e outras drogas e desassistência na área de educação escolar indígena.