Grupo armado teria queimado barracos que abrigam os Kaiowá

 

Grupo de ao menos 200 índios kaiowá foi atacado a tiros ontem à noite por homens que ocupavam cinco caminhonetes, perto das propriedades identificadas como Bom Retiro e Santa Joana e Madama, aos arredores dos municípios de e Amambai, área de fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai. Em 2007, um líder indígena morreu baleado num suposto embate com fazendeiros da região.

Na noite de ontem, segunda-feira (12), os índios, entre os quais crianças e idosos, fugiram para a mata e, ao menos até por volta do meio-dia desta terça-feira (13), não havia histórico de feridos. Índios e fazendeiros disputam há décadas pelo domínio de terras nesta região. Para os Kaiowá, a localidade em questão é indígena e chama-se Kurusu Ambá.

A informação do ataque à comunidade indígena é de Gilmar Batista, líder Kaiowá. “Eles [homens que conduziam as caminhonetes] queimaram nossos barracos, casas. Estávamos apagando o fogo, mas não conseguimos. Ouvimos tiros, muitos tiros e corremos. Muitas crianças estavam com nós”, afirmou a liderança, por telefone.

A Polícia Militar de Amambai, que fica a 20 quilômetros da aldeia, ao meio-dia desta terça-feira, informou ao Midiamax que ainda não sabia de alguma ocorrência, “mas que ali [aldeia Kurusu]”, há confrontos constantes envolvendo índios e fazendeiros.

A causa indígena da comunidade em questão é defendida pela Funai, em Ponta Porã. Pela manhã, coordenadores do órgão não foram localizados.

Ano passado, em outubro, ocorreu outro ataque, à época, divulgado por meio de nota pelo Cimi (Conselho Missionário Indígena).

De acordo com o comunicado, homens descritos como “jagunços armados” teriam invadido o acampamento dos índios com facões e derrubaram os barros dos Kaiowá. Os índios resistiram e permaneceram na área. Para os fazendeiros, a área está invadida; já os índios afirmam que tentam ocupar a terra por ser suas.

Em outubro passado, o MPF (Ministério Público Federal), por nota, informou que havia pedido o apoio da Polícia Federal e Força Nacional de Segurança, sem êxito.

Até a manhã de hoje, o MPF não tinha se manifestado quanto ao ataque da noite de ontem. Entidades ruralistas também não comentaram o episódio.