Pular para o conteúdo
Cotidiano

Há seis anos à espera de moradia, índios vivem em ‘favela-aldeia’ na Capital

Cerca de 300 se tornaram os 'invisíveis' do Noroeste
Arquivo -

Cerca de 300 se tornaram os ‘invisíveis’ do Noroeste

Sem perspectiva, o que era para ser mais uma aldeia urbana em transformou-se em uma favela. O retrato foi extraído no bairro Noroeste, onde uma aldeia com cerca de 65 famílias indígenas, que vivem ali desde 2010,  deu início a mais uma favela da Capital.

A região é uma das mais pobres da cidade, não conta com asfalto e o esgoto ainda é um privilégio de poucos. A favela é formada, em sua maioria, por índios vindos da aldeia Taunay de Aquidauana – município a 118 quilômetros de Campo Grande -, que afirmam ter fugido da miséria da mata em busca de uma vida melhor na cidade.

É embaixo da lona e de restos de materiais de construção que formam barracos improvisados, que o grupo formado por sessenta famílias espera ter o direito à moradia. A ideia das ocupações é de tentar chamar a atenção do poder público, mas nem mesmo a nova favela se formando na capital sul-mato-grossense despertou interesse para construção de um novo projeto habitacional. A área que era privada, foi desapropriada pela prefeitura anos depois, esse foi o único subsídio recebido desde que a ocupação teve início.

Por falta de estrutura, o esgoto e água do chuveiro escorrem entre os barracos, se encontram no meio do caminho e criam mais uma poça, onde, muitas vezes, as crianças brincam, correndo risco. Nesse cenário, buscam reconhecimento a partir de suas características culturais, e tentam afastar a imagem de que o índio pertence à mata e deve permanecer na aldeia, distante da sociedade não indígena. “A gente se sente isolado, esquecido, é como se a gente não existisse”, disse Luciane de Almeida, mãe de cinco filhos, e que vive com a família em um barraco de dois cômodos.

A omissão do poder público criou um estado de resistência enquanto exigem a construção das moradias, e no meio do caos, tentam conviver com o preconceito.  “Isso aqui é uma manifestação. “Lá era mato fechado, viemos para cá para melhorar nossa situação, mas a vida aqui é mais difícil. Índio e negro é assim, sempre sofre preconceito”, comentou Dalva Cáceres, 39 anos, com a naturalidade de quem se sente invisível aos olhos do sociedade.

Em Campo Grande, o Poder Público implantou conjuntos habitacionais conhecidos como “aldeias urbanas” para atender à reivindicação dos índios, regularizando áreas por eles ocupadas. Atualmente, existem cinco aldeias urbanas na cidade: Marçal de Souza,  Tarsila do Amaral e Darci Ribeiro – construídas pelo município -, e a comunidade indígena do Núcleo Industrial e Água Bonita, do governo do estado. No caso de três aldeias urbanas municipais, o direito à moradia foi conquistado a partir de ocupações.

As aldeias urbanas construídas na Capital serviram de modelo para todo o país, mas há quase uma década não há novos projetos. O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pesquisado em 2010 mostrou que Campo Grande tem 5,8 mil indígenas, quantidade muito inferior a demanda de pessoas que aguardam por uma moradia na fila da Agência Municipal de Habitação de Campo Grande (Emha), que pode ser superior a 50 mil de acordo com a prefeitura da Capital.

Na implantação das aldeias urbanas, houve uma preocupação em adequar os conjuntos habitacionais à realidade indígena e adotar um plano arquitetônico que respeitasse as especificidades e valorizasse a cultura indígena, muito distante da condição que os indígenas do Jardim Noroeste vivem hoje.  Um exemplo dessa tentativa são os centros culturais construídos nas aldeias Marçal de Souza e Água Bonita. Percebeu-se que estes são locais valorizados pelos índios e um espaço utilizado para realização de eventos, receber turistas e comercializar artesanato.

Á época das construções, o governo do Estado desenvolvia um programa que beneficiava expressamente índios nas cidades: o subprograma “Casa do Índio”, que se destinava à construção ou melhoria habitacional da população indígena no Estado, respeitadas as suas especificações culturais, podendo atender também aos índios ‘desaldeados’. Em 2003, a política não teve continuidade, e até hoje não há novo plano de moradias que incluam exclusivamente os indígenas.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

UFMS promove caminhada por espaços culturais da universidade na próxima terça-feira

Café, Oração e Esperança: A Rotina Solidária do Bispo Bruno Leonardo.

Ministério da Saúde confirma nove casos de sarampo em Tocantins

Executado em ciclovia foi apreendido na adolescência por assassinato de xará em tabacaria

Notícias mais lidas agora

Facção mandou matar jovem em Campo Grande porque perdeu revólver, aponta investigação

legendarios arcebispo

Católicos reagem a aviso sobre Legendários: confira 4 pontos de conflito com Igreja

relatoria tereza nelsinho

Senadores de MS partem para os EUA e ganham destaque na briga contra tarifaço de Trump

UFMS abre 140 vagas para curso gratuito de francês

Últimas Notícias

Brasil

Dólar sobe para R$ 5,56 puxado pelo mercado externo

Bolsa caiu 0,21%, mas subiu 0,11% na semana

Política

Senadora Tereza Cristina irá integrar CPMI para investigar fraude no INSS

Estimativa é que R$ 6,3 bilhões foram desviados de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024

Polícia

Carro vai parar em canteiro de posto de gasolina após atingir motociclista

Acidente aconteceu no final da tarde desta sexta-feira (25), na Vila Planalto

Trânsito

Idoso atropelado na Avenida Duque de Caxias é militar reformado do Exército

Vítima foi atropelada na ciclofaixa nesta sexta-feira (25), pouco mais de duas semanas após completar 77 anos