Casas são construídas em áreas de risco

O temporal que atingiu várias cidades do Estado no Dia dos Finados (02) causou estragos por onde passou. Itaquiraí, Aral Moreira e Ivinhema foram as cidades mais prejudicadas. Há registros de destruição de ponte, danificação de estradas e dutos, além de destelhamento de residências e quedas de árvores e placas. Em áreas de risco, como em bairros próximos a rios, os estragos são considerados ‘tragédias anunciadas’. 

A Defesa Civil Estadual recebeu até a tarde desta quinta-feira (03) registros de estragos nessas três cidades. Todas tiveram problemas no início do ano, quando fortes chuvas atingiram o Estado. No fim do verão, 34 cidades estavam em estado de emergẽncia e a Governo precisou gastar R$ 20,7 milhões com construção e melhorias de 30 pontes.

Em Itaquiraí, chuvas intensas causaram danos na área urbana e rural, segundo o coordenador adjunto da Cedec (Coordenação Estadual de Defesa Civil), major Fábio Santos Coelho Catarineli, como destruição de ponte, danificação de estradas/dutos e problema em barragem pública. Em Aral Moreira, o vendaval destelhou 28 casas e 120 pessoas foram afetadas.

“Apesar de não ser igual aos estragos causados no verão, ainda assim estamos acompanhando. No momento não há registros de qualquer cidade com situação de emergência”, cita o major.

Amambaí também teve estragos com a chuva do Dia dos Finados, mas a Defesa Civil ainda faz o levantamento. “Com a ventania, o portal de entrada da cidade torceu, placas de sinalização foram ao chão, árvores e postes caíram. Esse vendaval veio 10 dias depois de um outro deixar mais de 30 casas, parcialmente, destelhadas e moradores sem energia na Aldeia Limão Verde”, explica o prefeito Sérgio Barbosa (PMDB).

Em Nova Andradina, as chuvas e ventania quebraram galhos de árvores, levaram tapumes de obras da Praça Brasil, derrubou placas e uma tampa de caixa d´agua voou. O munícipio não teve grandes prejuízos como aconteceu no verão passado, segundo a superintendente de imprensa da prefeitura, Elaine Paes.

Para acabar com os alagamentos em algumas regiões da cidade, a prefeitura, como sugerido pela Defesa Civil, está construindo galerias de águas pluviais. “Os trabalhos foram paralisados por um período para troca de tubos com maior vazão. Mas, a previsão de término é para esse fim de ano. Já foi investido R$ 4 milhões”, cita ela. 

Em Ivinhema, a chuva e o vendaval levaram a cobertura do galpão de uma empresa. Além do prédio, veículos que estavam dentro da oficina também foram danificados. Também faltou energia e água em diversos pontos da cidade.

​Estragos anunciados

 

Em Mato Grosso do Sul há grande incidência de alagamento, principalmente, nas casas da população ribeirinha, como nos rios Aquiduana, Miranda e Taquari. Nesses locais, os moradores precisam ficar com atenção redobrada. 

“É importante que os munícipios façam seus mapeamentos de risco, identifique as áreas vulneráveis, com sucetibilidade a alagamento. Faça ações locais, como obras de drenagem”, pontua o major Catarineli.

Outro problema está na qualidade e local da obra. “A população mais carente acaba construindo residências em áreas mais vulneráveis porque o custo é mais barato. A qualidade não é muito boa. E, quando chove o local é afetado”, explica o coordenador adjunto da Cedec. Segundo ele, são tragédias que podem acontecer novamente esse ano, se não haver planejamento. 

A previsão também já tinha dado o alerta. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um aviso meteorológico de ocorrência de tempestade considerada perigosa para todas as regiões do Estado. Estragos causados por ventania e chuva são tragédias anunciadas“Pode ocorrer quebra de vidros, estragos consideráveis, risco de quedas de galhos de árvores, alagamentos, incidência de descargas elétricas e granizo durante a passagem do evento meteorológico e a velocidade de vento prevista é de 61 a 99 km/h”, diz o alerta.

 

Quem paga?

Quem teve estragos e prejuízos causados por fenômenos naturais (vento, chuva, raios, etc) pode conseguir doações. O morador de baixa renda que tiver a casa destelhada ou outros estragos pode entrar em contato com a Prefeitura, que comunica a Defesa Civil.

Um relatório é encaminhado, e a Defesa Civil levanta e avalia o prejuízo. A secretaria de cada munícipio pode remanejar verba para esses problemas, e o morador recebe a doação. Prejudicados podem receber mantimentos e materias de construção.

A população assistida recebe, normalmente, os materias de construção, e quando não há outra saída é levada a abrigos, como no caso dos ribeirinhos quando o rio chega a invadir as residências. Há ainda alguns moradores que provando a falta de condições da casa, recebe o aluguel social.

As pessoas que já tiveram galhos ou árvores caidas em cima dos veículos podem procurar a prefeitura da cidade para descobrir se a árvore já tinha risco de queda. Caso isso ocorra, segundo Defesa Civil, é possível conseguir o ressarcimento.