Atitude gerou críticas por parte do movimento grevista

Devido à paralisação dos agentes de limpeza da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que já dura duas semanas, o acúmulo de lixo nas salas e corredores já começa a incomodar alguns estudantes. Para resolver em partes a situação, um grupo de estudantes tem se organizado para recolher o lixo acumulado e manter os ambientes limpos. No entanto, a atitude tem gerado críticas do movimento grevista.

Os alunos são da ESAN (Escola de Administração e Negócios), unidade da universidade que comporta os cursos de Ciências Contábeis, Administração e Turismo. De acordo com a estudante de Administração Thaís Perez Dias Cid, de 23 anos, a ideia foi bem aceita por todos os estudantes, e conta com o apoio dos professores e coordenadores, que estão contribuindo com a doação de matérias de limpeza.

“Todos os estudantes tem a obrigação de limpar as próprias salas. Ontem, o Centro Acadêmico de Administração foi o responsável por limpar as áreas comuns, mas a ideia é que todos colaborem”, explica a acadêmica. De acordo com ela, a iniciativa tem objetivo dos estudantes ‘fazerem a sua parte' para manter a universidade limpa até que a situação seja resolvida.

Por outro lado, a iniciativa tem gerado críticas por parte do movimento grevista dos terceirizados, que diz que a ação pode prejudicar o impacto da paralisação. É o que diz o vice-presidente do (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação), Ton Jean Ramalho Ferreira. “Olha, isso daí só enfraquece o movimento grevista, porque a UFMS na verdade não tem culpa porque ela já fez repasse. Isso é da responsabilidade da empresa terceirizada”.

Também é do mesmo posicionamento a servidora Denise Dantas, que trabalha na empresa há três anos. “Eu Com paralisação de terceirizados, estudantes organizam 'mutirão de limpeza' na UFMSparticularmente acho que atrapalha, porque o problema deveria ser solucionado a partir da empresa. Tem muitos trabalhadores cansados, em situação de estresse e isso precisa ser solucionado”, diz.

Os trabalhadores estão paralisados desde o dia 14 de junho, sem receber o salário do mês de maio. De acordo com o sindicato, eles também estão sem vale-alimentação e com férias atrasadas, além de haver escassez de materiais de limpeza e EPI (Equipamento de Proteção Individual). A categoria entra em greve geral por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (22). 

A estudante Thaís Perez justifica, no entanto, que a intenção dos estudantes não é prejudicar a mobilização dos trabalhadores. “Eu acho que isso influencia sim o movimento deles, e é verdade que quando eles estão paralisados que a gente sente muito a diferença que eles fazem. Como acadêmicos, nós não estamos lavando a universidade, cortando grama, e fazendo todo o trabalho que eles fazem, nós só estamos fazendo a nossa parte, que é o básico”, diz.