Eles afirmam que ganhos caem mais de 90% atuando na UTR

Os catadores de materiais recicláveis, que trabalham na área de transição do aterro sanitário da Capital, alegam que com o fechamento do local, determinada pela Justiça, a renda semanal de cada trabalhador caíra 92,3%, se forem atuar na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) ao lado do . O fechamento da área de transição foi determinado pela Justiça e vai acontecer no dia 28 deste mês e o catador que descumprir a ordem vai pagar multa diária de R$ 10 mil. De acordo com os catadores, trabalhadores de cinco bairros são afetados.

Conforme o catador Ivanildo Henrique de Souza, 36 anos, um teste de trabalho foi feito na usina durante uma semana e os catadores receberam apenas R$ 100. Ele disse que trabalhando na área de transição, dentro do lixão, cada trabalhador consegue ganhar R$ 1,3 mil semanalmente. “Nós ficaremos prejudicados. Quem tem família para sustentar vai passar apurado”, comentou.

O catador Jesuel da Silva Trindade, 27 anos, chama a atenção para outro fato. Segundo ele, com o fechamento, os catadores de 5 bairros da região, que não tem cadastro na prefeitura para atuar na usina, acabarão perdendo a única fonte de renda. “Aqui existem catadores que moram no Dom Antônio Barbosa, Colorado, Parque do Sol, Lageado e Pedro Teruel, que ficarão desempregados com o fechamento. Um absurdo”, mencionou.

Um dos motivos de impedir o acesso dos catadores à área de transição é a falta de segurança na execução do trabalho da categoria. Mortes já foram registradas no local devido aos acidentes.

 A catadora Jessica Benitez Guerreiro, 26 anos, disse que este problema não deixará de existir. “Lá na usina não existe apenas materiais recicláveis, existe desde lixo orgânico a lixo hospitalar, o que também coloca em risco a saúde do trabalhador”, destacou.

Jessica disse ainda que o “clima” entre os catadores, que atuam no lixão, é de tristeza, preocupação e revolta. A categoria pretende quebrar a liminar que permitiu o fechamento da áres. Cerca de 560 catadores estão mobilizando um protesto para o dia do fechamento.

“O pessoal está preocupado porque ninguém consegue serviço de uma hora para outra. Conversar não vai adiantar então teremos que encontrar outra solução. Quando a Solurb faz algo de errado nunca é punida, agora nós que estamos aqui todos os dias trabalhando somos punidos”, salientou Jessica

Os catadores chegaram a mobilizar um protesto, na manhã desta segunda-feira (22), mas cancelaram após saberem de uma suposta reunião com a Solurb para resolver o impasse. A Solurb negou que a reunião tenha sido feita e reafirmou que o encerramento das atividades na área de transição ocorrerá no dia 28, e que a decisão do juiz em substituição legal na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira, está mantida. A decisão surgiu depois de um acordo firmado entre Solurb, Prefeitura Municipal e MPT (Ministério Público do Trabalho).

A Prefeitura Municipal foi procurada nesta tarde para dar um posicionamento sobre como ficará a situação dos catadores, mas não deu retorno até a publicação desta matéria.