Migrantes e imigrantes fizeram morada na Capital
A história de Campo Grande começa oficialmente com a chegada do mineiro José Antônio Pereira às terras do então ‘Campo Grande da Vacaria’, em 21 de junho de 1872. Na época, a notícia de terras férteis ao sul do Mato Grosso animou desbravadores que viam a decadência das minas de ouro de Cuiabá e de Minas Gerais e instabilidades políticas e econômicas nestas províncias.
Mas a história oral admite que José Antônio Pereira não é o primeiro a instalar moradia na confluência dos córregos Prosa e Segredo. É apontada a existência de uma comunidade negra, no Bairro São Francisco, contemporânea a chegada dos primeiros desbravadores descendentes dos portugueses, além dos indígenas que já estavam na região. Remanescentes de missões jesuítas espanholas também já andavam pelas bandas do sul de Mato Grosso.
Minas Gerais
No encontro dos córregos Prosa e Segredo, na Avenida Presidente Ernesto Geisel, onde chegou o mineiro José Antônio Pereira está o Monumento Carro de Boi ou Monumento dos Imigrantes. Marca o local onde chegaram as primeiras famílias de migrantes em Campo Grande. Foi idealizado pela artista plástica Neide Ono e construído em 1996.
Índios
Em Campo Grande é indiscutível a presença da cultura indígena. Na feira do Mercadão, pelas ruas vendendo milho e pequi, no principal parque da cidade. A Capital também é a única cidade brasileira que tem aldeia indígena urbana, o Conjunto Habitacional Marçal de Souza, residência de aproximadamente 130 famílias da etnia Terena.
Negros
A presença de uma comunidade negra em Campo Grande é apontada como anterior à chegada do próprio José Antônio Pereira. Pela tradição oral, passada aos descendentes, este era o embrião da comunidade Tia Eva, formada pelos descendentes da escrava Eva Maria de Jesus. Atualmente 115 famílias formam a comunidade. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o definitivo tombamento como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul, pelo governo do Estado. E é conhecida como a segunda mais antiga da cidade.
Japoneses
No dia 18 de junho de 1908, o navio Kassato Maru chegou ao porto de Santos, trazendo 781 imigrantes japoneses. Desses, 26 famílias viriam para o sul mato-grossense. A maioria foi deslocada
para a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Devido às dificuldades na construção da ferrovia, como doenças e ataques indígenas, muitos imigrantes japoneses desistiram do trabalho e se concentraram em cidades como Campo Grande e Três Lagoas, onde se dedicaram à produção de hortifrutigranjeiros, seda e ao setor de serviços.
Portugueses
Como todo o Brasil, a região de Campo Grande recebeu imigrantes portugueses desde a época da colonização. No século 20, imigrantes portugueses que estavam no sudeste também foram atraídos pela Estrada da Ferro e a novas oportunidades.
Paraguaios
É um dos maiores contingentes de imigrantes no Estado e em Campo Grande. Constituíram grande parte da mão de obra da Companhia Mate Laranjeira. A presença cultural se confunde com a vida campo-grandense. Chipa, sopa Paraguai e o tereré são vistos por todos os lados na cidade.
Sírio-libanesa
Os sírios e libaneses deixaram os os países devido as constantes guerras e chegavam a Mato Grosso pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em busca de riqueza fazendo comércio. Muitos viajavam ‘mascateando’ pelo Estado e posteriormente, fixando-se bem Campo Grande, formando centros comerciais como os da 14 de Julho a Avenida Calógeras.
Bolivianos
Os bolivianos são dos maiores grupo de imigrantes em Mato Grosso do Sul, tendo se estabelecido principalmente na região de fronteira. Mas a Capital também atraiu muitos destes imigrantes. A Praça da Bolívia é um dos pontos que em encontros mensais reúne a gastronomia, música e costumes do país vizinho.
Gaúchos
O início da migração gaúcha deu-se juntamente ao começo do fluxo contínuo de migrantes paulistas. Vários costumes foram incorporados à cultura do estado. Em relação à alimentação temos: o pão caseiro, a cuca, o chimarrão, o churrasco e o charque.
Itália
A maior parte dos ítalo-sul-matogrossenses descende de imigrantes que inicialmente tiveram passagem por estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Foi o imigrante Bernardo Franco Baís que começou a construção do segundo sobrado de Campo Grande, hoje conhecida Como Morada dos Baís. O autor do projeto foi o engenheiro carioca João Pandiá Calógeras e ainda hoje é possível ver nas paredes do sobrado, pinturas de Lídia Baís, filha de Bernardo.
Campo Grande foi elevada a categoria de município pela Resolução Estadual n.º 225, de 26 de agosto de 1899.