Manifestantes fecharam trecho da BR-262

Caminhões da Solurb são impedidos de entrar e de sair do aterro sanitário localizado no Dom Antônio Barbosa II em . O acesso foi interrompido por conta da manifestação de mais de 200 catadores, que no início da manhã desta terça-feira (6), bloquearam trecho da BR-262.

Manifestantes, que em fevereiro de 2016 foram impedidos de trabalhar na ‘área de transição', localizada entre os aterros sanitários Dom Antônio Barbosa I e Dom Antônio Barbosa II, usam galhos e pneus para bloquearem a rodovia, próximo da entrada da UTR (Usina de Triagem de Resíduos), e do , na região sul da cidade.

De acordo com os manifestantes, desde que o acesso ao aterro foi proibido, cerca de 300 trabalhadores ficaram desempregados. “A Solurb não chamou para os postos de trabalho. Além dos que estão desempregados, os que trabalham na UTR ganham menos agora. A Prefeitura não consegue fazer toda a reciclagem. Antes das 11 horas, já não tem mais material para coletar. Ganhávamos pelo menos R$ 800 mensal e agora tiramos no máximo R$ 600,00”, afirma João Alves, um dos líderes do protesto.

O catador diz ainda que a Solurb está descumprindo a lei que trata sobre o descarte de resíduos sólidos. “O lixo continua sendo enterrado na natureza”, frisa. Durante a manifestação vários catadores reclamaram sobre a falta de trabalho.

Fabiane Silva, que trabalhava no aterro, está desempregada e critica o fechamento do local. “Fiz cadastro há meses para trabalhar na UTR e não fui chamada. Preciso pagar aluguel, tenho três filho. Trabalhava há dois anos e ganhava R$ 2 mil  e agora não ganho nada”, ressalta. 

Foto - Henrique Kawaminami/Midiamax

Outra catadora, que preferiu não se identificar, diz que depois do fechamento do lixão, a Solurb se comprometeu a empregar os catadores cadastrados, o que segundo ela, não ocorreu. “Trabalhei 10 anos na área de transição. Ganhava cerca de R$ 2 mil e agora estou desempregada. Estou cadastrada há mais de seis meses e ninguém me chamou até agora”, lamenta.

Em junho deste ano, o procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes, afirmou que entre o grupo que realiza os protestos contra o fechamento do aterro, há compradores, que estariam tendo prejuízos com a determinação que proibiu os catadores de permanecerem na área. Segundo os levantamentos do MPT alguns compradores faturavam até R$ 40 mil mensais.

Nesta manhã, o comprador, Luiz Henrique Berrocal, participava da manifestação, no entanto, ao ser questionado sobre o levantamento do MPT negou as acusações. “Nunca ganhei isso com a compra e revenda de materiais recicláveis”, garantiu.

Ainda durante o protesto, catadores disseram que alguns trabalhadores foram demitidos das cooperativas. “Tem gente sendo demitida sem nenhum aviso. Eles estão querendo vender a Solurb para uma multinacional que vai acabar com as cooperativas para contratar seus próprios funcionários”, afirma um grupo de catadores. 

Foto - Henrique Kawaminami/Midiamax

Acordo entre MPT e Solurb – 

Há uma semana o Ministério Público do Trabalho firmou acordo com a direção da Solurb a fim de proibir a demissão sem que haja causa relacionada com sua capacidade ou com sua conduta ou baseada nas necessidades de funcionamento da empresa. O Termo de Ajuste de Conduta estabelece, ainda, que os desligamentos dos trabalhadores por inciativa da Solurb devem ser informados ao Ministério Público do Trabalho dentro do prazo de vigência do acordo, que é de 12 meses. A empresa fica sujeita a multas se descumprir a obrigação.

Os catadores reclamam de abandono e pedem a presença de representantes do MPT (Ministério Público do Trabalho), que devem comparecer ao local até o fim da manhã. Nenhum representante da Solurb se manifestou sobre o caso.