Bernal termina mandato com obras inacabadas e promessas descumpridas

Em todo o canto da cidade tem uma obra que ainda não foi concluída

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Em todo o canto da cidade tem uma obra que ainda não foi concluída

No dia 31 de dezembro, Alcides Bernal terá completado 930 dias à frente da Prefeitura de Campo Grande, em uma administração marcada por impasses, brigas políticas e muitas promessas. Quando deixar o cargo, o  representante máximo do Poder Executivo municipal também terá deixado para trás várias obras inacabadas e prometidas ao longo do mandato.

Em todo o canto da cidade, praticamente, existe uma obra que ainda não foi concluída ou não teve andamento desde o início do governo de Bernal: Centros infantis, escolas, áreas de lazer e asfalto. Os entraves burocráticos foram justificativas recorrentes para explicar as obras inacabadas.

Creches – São 19 obras inacabadas, somente na região do Jardim Noroeste – zona leste -, há dois Centros de Educação Infantil (Ceinfs) não terminados. Na rua Dom João VI, a unidade começou a ser construída em março de 2012, o prazo era para que fosse entregue a sociedade era de dezembro do mesmo. Os nove meses tornaram-se 4 anos, e desde então promessas de conclusão eram renovadas a cada ano.

No residencial Serravile, um dos mais pobres da cidade, a creche em construção parou pela metade, e a cena é de total abandono. A obra foi abandonada pela empreiteira Casa Nova, que também era responsável pela construção de outras três creches, no Jardim Nashville, Jardim Colorado e Moreninha II.

As paredes em pré-moldado continuam em pé, mas o telhado foi levado, assim como os materiais de construção. Ele teria capacidade para receber 120 crianças. O projeto da creche era de R$ 1,7 milhão, contratado em maio de 2014 por Gilmar Olarte -, com financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

No bairro Zé Pereira, a obra esperada pelos moradores é de um posto de saúde, em construção há três anos. Mais de 80% do prédio está concluído, mas há 15 dias os trabalhadores interromperam o serviço por falta material.

Há inclusive obras já terminadas, mas que nunca tiveram utilidade, como a mini estação ferroviária atrás ao Centro de Belas Artes, no bairro São Francisco, que faz parte do projeto da segunda etapa da Orla Morena. Para a realização do projeto foram gastos R$6 milhões, mas apesar de pronto, o projeto nunca foi cumprido. No papel, a ideia era interligar a Orla Morena até a Orla Ferroviária, na avenida Calógeras, em uma tentativa frustrada de reviver os tempos da ferrovia na Capital.

Os trilhos que já existiam foram  revitalizados e  instalados na passarela sobre a Avenida Ernesto Geisel, e o espaço ganhou ainda uma bilheteria, iluminação pública, grades e estrutura para receber os visitantes, mas a pintura nova deu espaço às pichações, as vidraças foram quebradas e hoje o espaço é convite para usuários de droga. Nem mesmo a guarita de segurança construída em uma das entradas escapou do vandalismo, e o ponto está destruído.

Obras mofam à espera – Logo em frente está o elefante branco mais antigo da cidade: o Centro de Belas Artes. O prédio já passou por seis mandatos municipais e cinco prefeitos diferentes – Juvêncio da Fonseca, André Puccinelli, Nelson Trad Filho, Gilmar Olarte e Alcides Bernal -, mas nenhum prefeito até agora conseguiu concluir a obra iniciada em 1993.

A construção do Parque Linear do córrego Bálsamo, na região do bairro Rita Vieira, em Campo Grande, parou no tempo. A obra de 2012 prevê pavimentação  12,5 Km de avenidas, ciclovia, triagem de recicláveis, quadras poliesportivas, centro comunitário, mas nem 10% do projeto foi concluído.   

Infraestrutura – Esse foi dos assuntos mais discutidos durante a gestão de Bernal, no entanto, poucas projetos foram implantados. No primeiro ano de mandato, foi entregue o recapeamento da avenida Bandeiras e da Spipe Calarge. Atualmente, 1,5 mil quilômetros de ruas na capital sul-mato-grossense nunca receberam pavimentação ou drenagem, e nos locais asfaltados o problema é com os buracos. Neste caso, a administração de Bernal penou para dar conta de tapar as fissuras de ruas e avenidas, e ainda travou uma queda de braço com empreiteiras. Passados 4 anos, o cenário não mudou e pode estar longe de resolvido.

A recuperação da Avenida Ernesto Geisel, orçada em R$ 68 milhões – projeto Parque Linear do Anhanduí -, amarga anos de espera. No ano passado, ainda sob o comando de Olarte, a prefeitura chegou a abrir o processo de licitação, mas o projeto continua travado.

Habitação – Por determinação da Justiça, a prefeitura removeu em janeiro deste ano 50 famílias da favela Cidade de Deus – que começou a ser ocupada em janeiro de 2013 -, para o bairro Vespasiano Martins. À época, Bernal prometeu que rocaria os barracos de lona por novas casas em 90 dias, mas já se passaram nove meses e  somente 42 residências foram construídas.

A atual gestão entregou 5,4 mil novas moradias, contudo, a estimativa é de haja 50 mil pessoas na fila de espera por uma moradia regular. O défict habitacional de hoje é o dobro do que existia há seis anos; na época pouco mais de 25 mil pessoas não tinham casa própria. Os investimentos também recuaram, e em apenas um ano, o saldo para investir no setor caiu 26%; de 26 milhões para R$ 19 milhões.

Cassação – Em março de 2014, Dos 29 vereadores de Campo Grande, 23 votaram a favor da cassação do mandato de prefeito Alcides Bernal (PP) por irregularidades em contratos emergenciais em sessão de julgamento realizada nesta quarta-feira (12). Seis foram contra. Com isso, o político perde o mandato imediatamente e o vice Gilmar Olarte assumiu o mandato, que durou até 26 de agosto de 2015, quando Bernal conseguiu na Justiça o direito de reassumir o cargo de prefeito.

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