A família espera a construção do residencial

O Residencial Canguru, na região sul da Capital – projeto de moradia popular -, ainda não saiu do papel. Enquanto a Prefeitura e o Banco do Brasil afirmam estarem esperando ‘documentações' um do outro, uma família com necessidades especiais passa dificuldades. Uma dona de casa de 33 anos cuida e sustenta, sozinha, os dois filhos de 12 e 16 anos. O mais velho demanda cuidados especiais, já que sofre de uma patologia mental.

“Eu entreguei a documentação no ano passado em maio, daí fiquei esperando. Daí em novembro saiu no Diário Oficial com o meu nome. Aí esperemos, falaram que estava no banco. Aí não sei o que aconteceu com o meu cadastro e meus documentos, que sumiram com eles lá na Emha [Agência Municipal de Habitação]”, contou ela.

Problemas no sorteio

O sorteio foi chamado Prefeitura de de ‘sorteio histórico de casas populares', mas em 23 de fevereiro de 2015 uma lista com os pré-selecionados para o Residencial Canguru já havia sido publicada no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande). A suspeita era de que a Prefeitura havia feito duas vezes o sorteio para às casas populares.

A Prefeitura da Capital informou que a lista publicada no ano passado tinha 900 candidatos, que foram encaminhados ao Banco do Brasil. Destes, restaram 272 aptos a serem mutuários, números exatos ao dos apartamentos do Residencial.

A esta lista, a Prefeitura acrescentou mais 113 inscritos. Então, no sorteio de junho deste ano, participaram 385 pessoas para serem contemplados os 272.  O Executivo Municipal, dessa forma, demorou sete meses entre pré-selecionar e fazer o sorteio das casas populares, deixando na expectativa quem já havia sido pré-selecionado.

“Eu pago R$ 400 reais de aluguel no Jardim Noroeste. Aí agora faz dois meses que estou aguardando. Saiu meu nome, pediram pra ir na Emha e quando cheguei lá, falaram que estava tudo ok. Nem olhou documento nem nada”, conta a mãe.

O residencial faz parte do programa do Governo Federal “Minha casa, Minha Vida”, e a gestão financeira é compartilhada entre a Prefeitura da capital, a União e o Governo do Estado.

A dona de casa explica que o filho mais velho frequenta a Associação Pestalozzi três vezes por semana, ocasiões em que ela trabalha como diarista para ajudar na renda. O filho demanda cuidados da mãe diariamente, o que dificulta para que ela busque um emprego fixo.

“A Emha enviou a documentação dos sorteados para o BB e eles ainda não deram devolutiva pra agência, informando que terminou essa fase e pode ser feito o sorteio da localização dos imóveis, que cabe à Emha”, declarou a Prefeitura, por meio da assessoria de comunicação.

A instituição financeira, no entanto, afirma esperar documentações da administração municipal e da construtora responsável.

“O Banco do Brasil cumpriu todas as suas obrigações até o momento e aguarda documentações do Ente Público e da construtora, necessários para o recebimento do empreendimento. O BB reforça que dará sequência imediata ao processo de entrega das chaves aos beneficiários, assim que regularizadas as pendências”, explicou, também por meio da assessoria de comunicação.

“Estou eu com meu filho especial e mais um monte de pessoas, todo mundo que paga aluguel, precisando de um local pra morar”, critica a mãe.

Residencial Jardim Canguru

Os apartamentos têm 48,46 m2 com sala/cozinha, dois quartos, banheiro e área de serviço. São 272 apartamentos divididos em 17 blocos. Dos 272 apartamentos, 17 são adaptados para pessoas com necessidades especiais.

Os apartamentos são entregues com pinturas externa e interna, pisos de cerâmica e azulejos na cozinha, banheiro e tanque. Dentro do condomínio tem guarita, playground e quadra poliesportiva.

A obra foi orçada em R$ 17,7 milhões. O Governo Federal entrou com o valor de R$ 16,3 milhões e a Prefeitura deu uma contrapartida de pouco mais de R$ 854 mil, além de incentivos fiscais e o Governo do Estado participou com R$ 561 mil.